Uma obra na estrutura de duas galerias do Presídio Regional de Pelotas (PRP) deve obrigar a transferência de 230 apenados para a Penitenciária Estadual de Rio Grande (Perg). A ação ainda não tem data para acontecer, mas já causou protestos entre os presos de ambas casas prisionais pelo risco de confronto entre facções rivais.
Aos todo são 170 homens e 60 mulheres que serão acomodados na Perg. A justificativa para a transferência são as infiltrações em duas galerias, devido ao vazamento da caixa d'água que compromete a estrutura e coloca em risco os servidores e os apenados do PRP, de acordo com a Delegada Penitenciária Regional da Susepe, Deisy Vergara.
Os próprios detentos destas galerias ficaram descontentes e protestaram na última quinta-feira (19), negando-se a receberem visitas. No mesmo dia, em Rio Grande, os presos do Pavilhão 1, das celas A e B da Perg, se revoltaram com a possibilidade de ter que ocupar um único pavilhão, para liberar o outro aos que virão de Pelotas. Um princípio de motim realizado pelos apenados precisou ser controlado pelos servidores da Perg.
Como a maioria dos homicídios registrados em Pelotas e Rio Grande tem relação com a disputa pelo controle do tráfico de drogas na zona sul, a rivalidade que existe entre os grupos criminosos que atuam na região preocupa os servidores da Perg.
Ainda não há previsão de quando irá acontecer a obra, nem a transferência. A Coordenadoria Regional de Obras Públicas ainda tem que autorizar os trabalhos. Os apenados que forem transferidos não poderão ficar mais do que seis meses em Rio Grande.
Um grupo de familiares dos presos que devem ser transferidos de Pelotas já se reuniu com o juiz da Vara de Execuções Criminais (VEC), Marcelo Malizia Cabral, para apresentar o descontentamento com a mudança e com os possíveis gastos adicionais para visitar os detentos em outra cidade. Uma nova reunião deve acontecer nesta semana, mas a expectativa é de que a transferência aconteça nos próximos dias.
A assessoria de imprensa da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) afirma que a transferência está baseada na segurança dos apenados e também dos servidores. "A ação visa a segurança dos apenados e servidores que estão no presídio de Pelotas. É necessário fazer o reparo em um vazamento na caixa d'água, que pode tombar sobre duas galerias. Já solicitamos a obra e, por isso, é necessário evacuar o espaço para evitar um acidente. A Perg suporta o remanejo", diz a Susepe.
A Perg foi projetada para 480 detentos e hoje abriga 928 presos nas oito galerias, segundo os números fornecidos pela Susepe. O PRP tem espaço para 382 detentos, mas hoje está com 1.048 presos em quatro galerias.