A Polícia Civil deflagrou operação, na manhã desta quinta-feira (26), contra facção que atua em Guaíba, na Região Metropolitana. Além de combater o tráfico de drogas e os homicídios, os agentes fizeram buscas a um local que seria usado como cemitério clandestino por criminosos, em área verde localizada no bairro Vila Nova.
A ação teve apoio de policiais militares, bombeiros, cães farejadores e de um helicóptero. Conforme a polícia, os crimes investigados começaram em 2017 — após o grupo assumir o tráfico na região e passar a ameaçar, torturar e executar rivais e familiares.
Os policiais vasculharam a área com matagal e também com alguns descampados nas proximidades de um local conhecido como complexo esportivo Coelhão. Responsável pelo caso, a delegada Karoline Calegari disse que o objetivo era confirmar as informações apuradas sobre o espaço que seria usada para enterrar vítimas de assassinatos.
— Acreditamos que aumentou o grau de verossimilhança quando o cachorro farejador ficou agitado. Os trabalhos foram incessantes desde a manhã. O animal estava exausto — afirmou a delegada, no final da tarde, após os trabalhos serem encerrados sem que nenhum corpo fosse localizado. — Se é um boato, é boato muito forte, porque foi confirmado para mais de um policial, por mais de uma fonte — complementou.
No total, 50 policiais civis cumpriram dois mandados de prisão preventiva e 10 de busca, com apoio de 12 PMs e quatro bombeiros. Três pessoas foram presas — duas que eram alvo de ordens judiciais e uma em flagrante — e um adolescente, apreendido.
Investigação
A investigação de dois meses tem como ponto de partida a tentativa de homicídio de uma adolescente de 16 anos ocorrida no município, em janeiro de 2018. Foi durante a apuração deste fato que a polícia recebeu denúncias e relatos de testemunhas sobre a existência do suposto cemitério clandestino.
Em relação à adolescente, a delegada Karoline diz que ela foi abordada em via pública por três homens, sendo que dois deles são os alvos da operação realizada nesta quinta-feira. Segundo a polícia, eles colocaram a garota dentro de um carro e atiraram contra a vítima por ela ser familiar de um membro de grupo rival.
O irmão da adolescente, traficante envolvido com a quadrilha que perdeu o controle da venda de entorpecentes no local, foi assassinado meses antes. Os suspeitos do crime fazem parte da facção, com base na zona leste de Porto Alegre, que assumiu a venda de drogas na região em 2017.
— A menina foi largada para morrer às margens de uma avenida da cidade como forma de um recado para os rivais. Esses dois investigados também são responsáveis por uma série de crimes ocorridos naquele bairro (Vila Nova) e o terceiro indivíduo, menor de idade à época dos fatos, encontra-se hoje em liberdade — diz Karoline.
Depois disso, a adolescente e familiares teriam sido coagidos para não depor contra os integrantes da facção, sendo um dos crimes ocorridos em julho deste ano. Além destes fatos, outros homicídios, dezenas de ameaças e alguns casos de tortura constam no inquérito instaurado.
A polícia ainda não divulgou, até o momento, o número de assassinatos e casos de tortura investigados. Os nomes dos presos também não foram revelados.
Para o diretor da 2ª Delegacia Regional Metropolitana, delegado Mario Souza, a chamada Operação Libertá foi deflagrada para mostrar que não há impunidade, apesar da forte ação do tráfico no bairro Vila Nova em Guaíba.
— E além disso, não descartamos a possibilidade de encontrar corpos enterrados no cemitério clandestino usado por este grupo. São informações consistentes e que precisam ser checadas — explica Souza.