O delegado da Polícia Federal Hélio Khristian Cunha de Almeida, acusado pela Procuradoria-Geral da República (PGR) de obstruir as investigações sobre a morte de Marielle Franco, montou uma "central de mutretas" na própria superintendência da PF no Rio de Janeiro.
A afirmação consta no relatório final da corporação sobre o Caso Marielle, que indiciou o policial militar Rodrigo Jorge Ferreira, o Ferreirinha, e a advogada Camila Nogueira sob acusação de que atrapalharam os rumos do inquérito sobre o atentado.
Entre as supostas mutretas organizadas por HK, como é conhecido o delegado, o documento cita que ele usou intermediários para tentar extorquir a quantia de R$ 300 mil do vereador Marcello Sicilliano (PHS-RJ).
Sicilliano e o miliciano Orlando Oliveira de Araújo, o Orlando Curicica, foram apontados como mandantes da morte de Marielle por Ferreirinha. HK foi o delegado federal, junto com outros dois colegas, que levou o PM a prestar o depoimento aos investigadores da Delegacia de Homicídios do Rio. Posteriormente, Ferreirinha admitiu que prestou falso testemunho.
A defesa do delegado nega todas as acusações.
O delegado federal Leandro Almada, responsável pela investigação sobre a obstrução no Caso Marielle, afirma no relatório que os "atos de corrupção" cometidos por HK foram informados à Superintendência da PF no Rio para que "medidas cabíveis" fossem adotadas.
"Lamentavelmente, a autoridade policial que presidiu o IPL 477/18 (inquérito da PF sobre o Caso Marielle), lotado no Estado do Amazonas, sem conhecer as mazelas do RJ, possa, açodadamente tecer comentários com carga de subjetivismo, sem qualquer prova ou fundamento. Certamente, tal ilação será objeto de demanda judicial em desfavor da União no momento oportuno", afirmou, em nota, o advogado Leonardo Carvalho, defensor de HK.
Carvalho acrescenta que "desconhece qualquer tipo de acusação neste sentido e encontra-se à disposição para quaisquer esclarecimentos que os órgãos de persecução necessitem".