Juliano Mantovani, o professor de Educação Física do Instituto Estadual de Educação Assis Chateaubriand, em Charqueadas, foi quem protegeu os adolescentes do ataque e tirou da mão do agressor a machadinha e a garrafa com combustível.
A escola foi invadida por volta das 13h30min desta quarta-feira (21). Um adolescente de 17 anos atacou alunos com uma machadinha. Três alunos, entre 12 e 14 anos, foram feridos e receberam atendimento no Hospital de Charqueadas, todos sem maior gravidade. Outras três meninas chegaram em estado de choque e receberam cuidados psicológicos. Mantovani não se feriu.
Mantovani, 39 anos, contou que, pouco antes do ataque, havia levado os alunos até a quadra da escola, para iniciar o trabalho do turno da tarde, mas precisou deixar o local e voltar para a sala de professores, para buscar um material que havia esquecido. No caminho, ouviu um estouro.
— Foi quando me deparei com a explosão do coquetel molotov. Na hora, eu até me assustei, achei que tinha sido um curto circuito na escola, nos extintores da escola. Mas, ao mesmo tempo, eu ouvi os gritos das crianças — explica.
Nesse momento, conseguiu visualizar o agressor desferindo os golpes com a machadinha.
— E aí, poxa, eu sou pai de duas crianças também, eu tenho certeza que qualquer pai teria feito a mesma coisa. Então, eu fui cego para cima dele, foi onde eu consegui pegar a machadinha da mão dele e a garrafa de gasolina que tinha na outra mão — relata.
Depois disso, os dois caíram no chão, um para cada lado. Logo que caiu, o adolescente começou a correr.
Mantovani disparou atrás, mas ao chegar perto do portão da escola, soube que havia estudantes feridos.
— Quando ele chegou no portão da escola, que ele pulou o portão, os outros alunos vieram gritando: "Professor, os alunos estão sangrando muito". Aí eu desisti de perseguir ele e voltei para ajudar as crianças.
O adolescente, que é ex-aluno da escola, foi localizado pela polícia cerca de duas horas e meia depois. Em depoimento, admitiu ser o autor dos ataques e disse que sofria bullying dos colegas. Ele também foi reconhecido pelas vítimas. O Ministério Público informou que deve pedir a internação do jovem.