Há quatro anos, Germanie Paul decidiu deixar o Haiti e tentar uma nova vida no Brasil. No novo país, casou com o namorado com quem se relacionava há mais de 15 anos. O casal teve dois filhos — uma menina atualmente com dois anos e um menino de quatro anos. Juntos, decidiram adotar uma adolescente, hoje com 13 anos.
Na madrugada de sábado (10), Germanie, 29 anos, foi encontrada morta em um motel de Gravataí, na Região Metropolitana, onde trabalhava como recepcionista. Para a polícia, a haitiana foi asfixiada. O marido, que preferiu não se identificar, ainda tenta entender o que aconteceu.
— Era uma pessoa que sempre estava feliz, nunca falava mal de ninguém, nunca estava braba com ninguém — disse.
A estrangeira trabalhava no estabelecimento há um ano e oito meses. Começou no local por indicação de uma amiga, que sabia da necessidade dela de conseguir um emprego. Ganhava R$ 1,2 mil. Segundo o marido, no local ela fazia de tudo: limpeza, arrumação dos quartos e cumpria função até de cozinheira.
— O motel não tinha segurança — reclama o marido.
Na noite do crime, o companheiro estranhou que a mulher parou de responder as mensagens que ele enviava pelo WhatsApp e não atendeu mais as ligações. Também haitiano, foi às pressas para o motel, mas o corpo dela já havia sido retirado.
— Cheguei e me disseram: "tua esposa morreu". Ninguém tinha me avisado de nada.
Após a morte da companheira, ele pensa em fechar o comércio de venda de pneus e deixar o Brasil. Pretende ir para um lugar mais seguro para viver com os filhos. A intenção é pedir asilo político para morar no Canadá. Além da esposa, já perdeu três amigos desde que chegou aqui. O último, há quatro meses, ocorreu durante um assalto.
— Não quero ficar mais aqui. Mas não vou voltar para o Haiti, está muito difícil por lá.