O jornalista Vitor Netto colabora com o colunista Rodrigo Lopes, titular deste espaço.
Desde segunda-feira (23), um meme compartilhado em redes sociais pelo filho do presidente eleito Donald Trump, Eric Trump, tem provocado rusgas com três países. Na imagem, o republicado aparece "comprando" o Canadá, a Groenlândia e o Canal do Panamá utilizando, para a "transação" o site da Amazon.
Tudo não passaria de uma brincadeira de mau gosto. Há, no entanto, um pano de fundo.
Recentemente, Trump afirmou em uma publicação na rede Truth Social a ideia de "incorporar" o Canadá aos EUA, tornando-o o 51º Estado americano. Os mesmos comentários voltaram a se intensificar durante o Natal, com novas publicações do futuro presidente.
— Muitos canadenses querem que o Canadá se torne o 51º Estado. Eles economizariam enormemente em impostos e proteção militar. Acho que é uma ótima ideia. Estado 51!!! — disse o republicano na última semana.
Trump ainda se referiu ao primeiro-ministro canandese, Justin Trudeau, como "governador Trudeau". Políticos canadenses consideraram as falas do americano uma humilhação - e até mesmo uma ameaça.
Trump insistiu. Afirmou, nesta quarta-feira (25) que os impostos do Canadá seriam reduzidos em mais de 60%. O país vive uma crise política e econômica.
No caso do Panamá, o republicano acusou o país da América Central de cobrar taxas abusivas de navios que passam pelo canal. Trump ameaçou retomar o controle da passagem pelo local, que os EUA ajudaram a construir nos anos de 1900 e que controlaram até 1977. Até 1999, os americanos compartilharam a operação com o Panamá.
Raúl Mulino, presidente panamenho, repudiou as declarações, dizendo que "soberania e independência" do território não são negociáveis.
Recentemente, Trump afirmou que a posse e o controle da Groenlândia, governada pela Dinamarca, são uma "necessidade absoluta".
— Para fins de segurança nacional e liberdade em todo o mundo, os Estados Unidos da América consideram que a posse e o controle da Groenlândia são uma necessidade absoluta — disse na rede Truth Social.
O primeiro-ministro da Groenlândia, Mute Egede, declarou que o território não está à venda. Os EUA contam com instalações militares no país. Desde 2019, Trump demonstra interesse em "comprar" a ilha.