Por que o cardeal Robert Prevost escolheu como nome Leão XIV? Essa é uma dúvida que deve ser esclarecida nos próximos dias.
Muitos apostam na inspiração em Leão XIII, o Pontífice que liderou os católicos na transição entre os séculos 19 e 20, e autor da encíclica "Rerum Novarum", que baseou a doutrina social da Igreja. Ontem, durante a entrevista coletiva dos cardeais brasileiros no Colégio Pio-Brasileiro, em Roma, alguns arriscaram sugestões. Dom Jaime Spengler, arcebispo de Porto Alegre, disse que, em latim, o nome "Leo" é muito bonito, mas que, em português, não conhecia ninguém chamado "Leão". Algum dos cardeais à mesa lembrou:
- Teve o Leão, goleiro.
Ao que dom Jaime retrucou:
- E ele pegava?
Memes da internet à parte, dom Jaime lembrou que o apelido ou prefixo Leo era comum no Brasil, referindo-se, inclusive, ao colega cardeal, catarinense como ele, dom Leonardo Steiner, atual arcebispo de Manaus.
O gaúcho dom Odilo Scherer, arcebispo de São Paulo, entrou na brincadeira.
- Por certo, não tem nada a ver com o animal leão nem com a simbologia do bicho. Mas com a simbologia dos papas da Igreja, com toda a certeza - afirmou, recordando do legado de ou São Leão Magno, um dos papas mais respeitados, conhecido por sua defesa da doutrina cristã durante as invasões bárbaras e por seu famoso encontro com Átila, o Huno, que teria convencido o líder bárbaro a poupar Roma.
Dom Orani João Tempesta, no entanto, fez questão de lembrar que tudo, neste momento, são especulações. Contou que, quando Jorge Mario Bergoglio foi eleito, disse que ele teria escolhido o nome Francisco em referência a Francisco Xavier, missionário católico e cofundador da Companhia de Jesus, ou seja, jesuíta como o papa. Enganou-se, admitiu. O papa argentino optou por Francisco em reverência a São Francisco de Assis e à preferência pelos pobres.
Além das razões do nome Leão XIV, outro tema que pautou a conversa com os jornalistas foi a viagem que Prevost faria ao Brasil neste mês e que foi cancelada em razão da morte de Francisco. O arcebispo de Salvador e primaz do país, dom Sérgio da Rocha, contou que o então cardeal seria recebido em Salvador e celebraria missa na Basílica Nosso Senhor do Bonfim. Na sequência, dom Jaime, que preside a Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), comentou:
- Brinquei com ele: não teremos o senhor como pregador, mas podemos tê-lo como Papa.
Em conversa com a coluna, dom Jaime disse que em diversos momentos, pode ver que a formalidade do ofício ainda não o atingiu.
- Não caiu a ficha? - perguntei.
- Talvez ainda não tenha caído a ficha, e talvez seja bom que nem caia porque esse jeito latino, que é característico dele também, embora tenha nascido nos EUA, mas toda a vida dele é marcada pela latinidade. É um tipo humano muito aberto, alegre, ao mesmo tempo, quase tímido - disse.