A investigação da Polícia Civil sobre os quatro homicídios na madrugada desta terça-feira (23) na zona leste de Porto Alegre avançou e traçou linha do tempo sobre como os fatos teriam acontecido. Com as novas informações, foi reforçada a tese de que um só grupo de criminosos está envolvido nos assassinatos, no que seria mais um episódio ligado a conflitos entre facções do tráfico de drogas.
O primeiro crime foi cometido em um casebre na Rua Comendador Eduardo Secco, no bairro Jardim Carvalho, pouco depois da meia-noite. No local, segundo a Polícia Civil, Diego Pedro Cavittione Rodrigues, 21 anos, foi assassinado. Próximo dali, Pablo Nunes Almeida, 22 anos, foi sequestrado instantes depois.
Outras duas pessoas que transitavam na rua foram baleadas nas pernas pelos atiradores. Uma delas é um catador de materiais recicláveis e a outra, um morador. Ambos foram atendidos em um hospital e, em seguida, liberados. Para a polícia, elas não tinham envolvimento com o crime e foram atacados apenas por estarem na rua.
Os feridos contaram que o grupo era composto por quatro homens, que pareciam ser jovens. Segundo as testemunhas, eles estavam com os rostos cobertos e tripulavam um carro branco ou prata.
Enquanto a polícia estava no local do primeiro crime, o telefone novamente tocou.
— Assim que terminou o trabalho de investigação preliminar do primeiro crime, fomos novamente chamados, com o indiciativo de que um crime grave havia sido cometido: um triplo homicídio. Nos deslocamos até lá e as informações começaram a coincidir. O mesmo número de pessoas envolvidas, modus operandi, calibres das mesmas armas — explicou o delegado Gabriel Bicca.
Ao apurar o segundo caso, a polícia descobriu o que seria o elo principal entre os dois crimes. O homem sequestrado teria sido torturado e chegou a ter um dedo arrancado pelos criminosos, que queriam descobrir onde morava Paulo Ricardo Lima de Oliveira, 32 anos. Após conseguir a informação, o grupo foi até o bairro Jardim Botânico, também na Zona Leste.
Em uma casa na Rua Secundária, na comunidade Juliano Moreira, Paulo Ricardo e a esposa, Karyne Oliveira Silva, 32 anos, foram mortos. Depois, Pablo também foi assassinado no local. Um fio de luz que teria sido usado para amarrar seus pulsos foi encontrado na residência.
— A gente sabe que o alvo foi o Paulo Ricardo, era a vítima que desejavam. Acabaram executando a esposa, Karyne, que estava na residência. A outra vítima do triplo homicídio foi torturada para contar onde Paulo estava — resumiu o delegado Eibert Moreira Neto, diretor de investigações do Departamento de Homicídios.
Para a polícia, as mortes teriam relação com o tráfico de drogas, apesar de nenhuma das vítimas ter antecedentes criminais. Os assassinos seriam ligados ao grupo rival ao que tem base no bairro Bom Jesus.
A Polícia Civil montou equipe mista envolvendo agentes de duas delegacias de Homicídios para trabalhar na investigação, já que os crimes aconteceram em áreas de duas unidades. Até o momento, não há suspeitos identificados.