Em uma região que já esteve entre as líderes de assaltos em Porto Alegre — com 19 roubos a carro em um único dia, no final de 2016, por exemplo —, os bairros Petrópolis e Jardim Botânico devem ganhar, até o final do mês, reforço no efetivo e a reabertura de um posto abandonado há sete anos. Desde 2012, a sede da 3ª Companhia do 11º Batalhão foi transferida para o bairro Chácara das Pedras, onde divide espaço com o administrativo da 1ª Companhia.
Com mobilização de moradores, porém, o comando voltará à origem, após um mutirão reformar salas operacionais e alojamentos do prédio.
— Desde abril, reunimos donos de lojas, revendas de automóveis, madeireiras e mão-de-obra de moradores, que querem ter o policiamento mais próximo e mais qualificado — afirma o presidente da Associação Conviver Melhor, o funcionário público Marcos Otton.
Segundo Otton, já foram investidos R$ 60 mil no espaço, que ganhou churrasqueira, reforma da área onde os novos policiais ficarão alojados — um quarto com quatro beliches —, troca da rede elétrica, restauro total na pintura, portas e janelas.
— Uma moradora, que teve um falecimento recente na família, doou todos os móveis da casa e outro vizinho, que é engenheiro, visita os trabalhos diariamente para fiscalizar. Não é algo improvisado, é um trabalho bem-feito — reforça.
O comandante da 3ª Companhia, capitão Sérgio Roberto Rocha Machado, ressalta o empenho da comunidade em recuperar o local, em parcerias que, segundo ele, "têm tudo para dar certo em outros locais".
— Precisávamos de uma boa reforma e, por falta de condições, estamos repartindo o espaço com outra companhia, o que não é o ideal. Além disso, com a integração, há uma conexão maior ainda com os policiais — avalia o capitão.
A obra na Rua Felizardo Furtado, bairro Jardim Botânico, está aproximadamente 90% concluída, segundo a associação. Ainda são necessários cerca de R$ 10 mil para finalizar o piso.
Futuramente, a sede deverá servir de piloto para um projeto de integração da BM com a comunidade, que vai utilizar o sistema de câmeras dos condomínios do bairro para monitorar as ruas.
— A ideia é que tenhamos aqui (aponta para uma parede da área revitalizada) diversas telas que acompanham a movimentação. Se tiver alguém mexendo em um carro, por exemplo, nós já saberemos, e vamos acionar a viatura — complementa o comandante.
A Brigada Militar reforça que "não mexe com qualquer centavo" do dinheiro recolhido nas doações, e a associação explica que emite uma nota como doação para a obra, e que os gastos são expostos a todos os membros que participam da iniciativa.