Vice-governador e secretário de Segurança Público do Rio Grande do Sul, o delegado Ranolfo Vieira Junior (PTB) disse em entrevista ao programa Timeline, da rádio Gaúcha, que ainda está tentando buscar explicação sobre a sequência de mortes de agentes de segurança no Estado. O Estado registrou nesta terça-feira (16) o quinto policial assassinado em ação no ano, o quarto em menos de três semanas.
O escrivão Edler Gomes dos Santos, 54 anos, do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc), morreu durante cumprimento de mandado de busca e apreensão em uma propriedade na área rural de Montenegro, no Vale do Caí. Outro agente do Denarc foi baleado durante a ofensiva e encaminhado a um hospital da região — não há informações sobre o estado de saúde dele. Conforme a chefe de Polícia Civil, Nadine Anflor, o suspeito de ser autor do disparo contra o policial também morreu na troca de tiros.
— Com toda minha experiência, não recordo de termos quatro policiais mortos num período tão curto de tempo. Chama muito a atenção que, tanto os casos dos PMs, quanto da Polícia Civil, são agentes cumprindo a sua missão, missão que é realizada centenas de vezes por dia. São abordagens normais, que acontecem várias vezes por dia. Hoje, um cumprimento de ação judicial, busca e apreensão, nem mandado de prisão havia. Estamos estudando o que está havendo, mas me parece que talvez os criminosos estejam enfrentando mais a força pública de segurança, coisa que tempos atrás não ocorria com essa intensidade — disse o vice-governador.
Esta é a quarta morte de policial no Estado em menos de três semanas — e a quinta desde o início do ano (considerando policiais em serviço). O último caso havia sido registrado na quarta-feira passada (10), em Porto Alegre, e vitimou o soldado da Brigada Militar Gustavo de Azevedo Barbosa Júnior, 26 anos. Em 26 de junho, outros dois PMs foram mortos em confronto com criminosos na Capital. Rodrigo da Silva Seixas, 32 anos, e Marcelo de Fraga Feijó, 30 anos, entraram em um beco da Rua Paulino Azurenha, no bairro Partenon, para uma abordagem de rotina e foram recebidos a tiros.
Ainda sem maiores detalhes sobre a ação desta terça, Ranolfo avaliou que não há indícios de houve erros durante as ações. O vice-governador aproveitou para fazer uma avaliação do perfil dos embates recentes entre policiais e criminosos.
— O abigeatário é um tipo de criminoso que em variadas vezes costuma reagir a abordagem, é uma característica desse tipo de criminoso. Não foi diferente no dia de hoje, infelizmente — disse, antes de completar: — Estamos fazendo uma avaliação. Já vínhamos fazendo das ações anteriores, agora vamos fazer dessa ação da Polícia Civil para verificar se há necessidade ou não de alguma alteração, embora eu deva dizer que me parece, pelas ocorrências da BM, que os policiais agiram da maneira como se age nessas abordagens. A Polícia Civil cumpre centenas de mandados de busca e apreensão por dia. O criminoso, hoje, faz um enfrentamento diferente do que fazia no passado. Antigamente, poucos reagiam. Mas temos que avaliar como um todo para fazer o juízo da melhor forma — resumiu.
O vice-governador e secretário de Segurança Pública ainda prestou sua solidariedade aos familiares e à corporação, além de falar sobre o impacto das mortes para a sociedade.
— É um momento de dor, em que estamos tentando buscar explicações, mas também é momento de me solidarizar com os familiares, com a Polícia Civil como um todo e com a sociedade gaúcha. Quando um criminoso atinge um policial, atinge o Estado como um todo. Mas quero dizer que não vamos esmorecer no combate ao crime, e os policiais têm demonstrado isso em suas ações.
Ouça a íntegra da entrevista: