A comemoração de Dia das Mães foi tragicamente cancelada nos dois núcleos familiares do vigilante Ricardo Matheus Alves, 27 anos. E era para ser especial. No domingo, além de homenagear a mãe, Vanda Alves, com quem almoçaria, ele festejaria a gravidez de cinco meses de sua companheira, Mira Teixeira, 50 anos. Em vez disso, parentes de um lado e do outro choraram a sua morte, durante o velório e o enterro, na manhã desta quinta-feira (9), em Canoas.
Por volta das 2h30min de quarta-feira (8), Alves, que trabalhava havia três meses na obra da nova ponte do Guaíba, na Ilha das Flores, em Porto Alegre, foi morto com pelo menos seis tiros de pistola 9 milímetros. Ele estava na guarita onde cumpria um turno a cada duas madrugadas. O caso ainda é uma incógnita para a Polícia Civil.
Familiares de Alves e de sua companheira também não entendem o que pode ter acontecido e os motivos pelos quais alguém atirou nele.
— Se ele fez algo por cada um de nós foi amar. Foi isso que ele planou: amor — disse o enteado Bruno Mello, 26 anos, pouco antes do início do cortejo fúnebre no Cemitério Municipal Santo Antônio, em Canoas.
Mello, que morava até o ano passado em Goiás, disse que conhecia o vigilante há pouco mais de oito meses. Segundo ele, tempo suficiente para "reconhecer o seu bom caráter e sua bondade".
— Ele nunca desrespeitou a minha mãe. Sempre a tratou muito bem. Agora vem um bebê e essa criança será bem cuidada — disse, referindo-se à gravidez de Mira.
Irmã de Alves, Laini Alves Fraga, 20 anos, faz coro às palavras de Mello.
— Meu irmão sempre foi muito caseiro. Ele não era de sair, não era de festa. Desde que foi morar com a companheira, estava até frequentando a igreja. Não faz sentido — disse a jovem no dia do crime.
Colegas de trabalho também estiveram no enterro. Abalados, preferiram não se manifestar. Um deles apenas resumiu:
— Era um excelente funcionário.
Colegas prestam depoimento
A Polícia Civil começou a ouvir colegas de trabalho de Alves nesta quinta-feira (9). A delegada Roberta Bertoldo disse que recebeu “informações importantes” e afirmou que, por enquanto, vai manter em sigilo.
— O interessante é que não há nenhum indicativo de envolvimento desse rapaz com fatos criminosos — explicou Roberta.
Os investigadores também entraram em contato com a empresa para entender como funciona a escala de trabalho, já que morte por engano é uma hipótese apurada.
— Em cada guarita, quatro pessoas se alternam a cada dia. Ele poderia não ser a pessoa visada — explica a mulher.
Roberta destaca que há outra linha de investigação “bem interessante”, mas que não pode ser divulgada.
— Estamos recebendo denúncias sobre fatos e pessoas envolvidas, mas tudo depende de a gente evoluir na investigação — finaliza.
A primeira possibilidade de pista surge com uma Parati branca encontrada na mesma madrugada, na freeway. A delegada suspeita que a caminhonete tenha relação com o crime. Um suposto proprietário foi contatado, mas ele alegou que vendeu o veículo em 2015, embora os registros ainda permaneçam em seu nome. A Parati será submetida a perícia.