O brasileiro preso na Argentina no último sábado (18), suspeito de participar do assalto que terminou com a morte de pai e filho em Estância Velha, no Vale do Sinos, estava com a companheira, o filho e um tio argentino no momento da prisão. O crime aconteceu em 10 de abril. O delegado titular da DP de Estância Velha, Marcio Niederauer, acredita que Davi dos Santos Mello, 20 anos, tinha intenção de se refugiar na casa do parente, na tentativa de se esconder da investigação.
— O tio é nascido e vive lá, por isso o interesse em sair para a Argentina —afirma.
Ele chegou à carceragem da 3ª Delegacia de Polícia Regional Metropolitana (DPRM), em São Leopoldo, na madrugada desta quinta-feira (23), de onde será encaminhado ao sistema prisional.
Mello é morador de Novo Hamburgo e foi reconhecido por confronto das imagens de câmera de segurança e também por testemunhas que o viram em uma barbearia de São Leopoldo, dias antes do assalto, ao lado do outro detido, Rafael dos Santos Domingues, 19 anos, também suspeito da autoria do crime. Ambos dispararam contra Leomar Jacó Canova, 59 anos, e Luis Fernando Canova, 35 anos, na abertura da loja da família, a Óptica e Joalheria Elaine. As imagens das câmeras de segurança mostram pai e filho reagindo contra Mello.
Condenado por roubo a mão armada em outra ocasião, ele deveria ser vigiado por meio de tornozeleira eletrônica, que não chegou a ser instalada. O depoimento de Mello deve ser colhido ainda nesta quinta-feira. Nenhum advogado se apresentou para a sua defesa. A previsão é que o inquérito seja concluído até 1º de junho, com indiciamento por latrocínio (roubo com morte).
Prisão após denúncia anônima
A prisão aconteceu na cidade de San Vicente, província de Missiones. Segundo o delegado, a polícia local recebeu uma denúncia anônima, por telefone, que indicava a fuga dos quatro brasileiros em um táxi Peugeot de cor prata. Uma barreira foi formada e ele foi preso ao lado dos familiares.
— Por ser o único com mandado de prisão, só ele foi detido — lamenta Niederauer, salientando porém que "outras pessoas serão indiciadas". O delegado não quis detalhar se o foco da investigação seguirá sobre os demais parentes.
A polícia informa ainda que Mello chegou até a fronteira levado pelos pais, que o deixaram no Porto Soberbo, em Tiradentes do Sul, norte do RS. Os nomes e as idades dos outros envolvidos não foram informadas.
De acordo com o titular da 3ª DPRM, delegado Eduardo Hartz, o nome do gaúcho foi incluído na "lista vermelha" de procurados pela Interpol na última segunda-feira (20).
— O nome foi incluído após a prisão porque não sabíamos antes que ele estava fora do País — salienta.
Como estava sem documentos, os policiais argentinos enviaram imagens das digitais de Mello para os investigadores gaúchos, que confirmaram a sua identidade com exames no Instituto Geral de Pericias (IGP). A delegacia de Três Passos foi comunicada da detenção e também auxiliou no trâmite do traslado. Ele ficou sob a custódia da polícia local até terça-feira (21), quando foi levado ao consulado brasileiro na Argentina, e em seguida encaminhado Polícia Federal de Foz do Iguaçu, no Paraná. Já no Brasil, foi feita nova identificação presencial e logo em seguida ele foi trazido pela Polícia Civil do RS até a carceragem da DPRM, em São Leopoldo, onde segue detido.
— Importante salientar a relação estreita da nossa polícia com os argentinos. Rapidamente se conseguiu a identificação, e foi detido — ressalta Hartz.
O outro apontado como autor do crime, Rafael Santos Domingues, de 19 anos, está preso desde 23 de abril. Segundo a polícia, ele estava com a companheira, escondido na casa da mulher de um traficante, em Portão, e, ao perceber a chegada dos policiais, tentou escapar. Ele também era considerado foragido da Justiça. Em depoimento, ele negou a participação no crime.