A Polícia Civil do Ceará, durante ação realizada nesta semana em Fortaleza, apreendeu diversos celulares roubados de uma loja. Durante o cumprimento de mandados de busca, porém, os agentes localizaram um número de aparelhos maior do que o levado do estabelecimento comercial. Em contato com a Delegacia de Roubo de Cargas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) do RS na quarta-feira (15), a investigação confirmou que cerca de 300 telefones foram roubados do depósito da Latam no aeroporto Salgado Filho em fevereiro.
Na ocasião, pelo menos seis pessoas, supostamente ligadas a uma organização criminosa que mantém o mesmo núcleo há mais de dois anos e que se especializou em ataques milionários a depósitos da Região Metropolitana, mantiveram em cárcere privado o dono de uma transportadora e o obrigaram a acionar um dos motoristas. O funcionário também foi abordado quando chegou na casa do dono da empresa e foi obrigado a levar os bandidos para o aeroporto. Em menos de 15 minutos, o grupo roubou 3 mil celulares, avaliados em R$ 2 milhões. Em uma operação no mês de abril, a Polícia Civil prendeu três investigados — um deles era o motorista da transportadora, que passou de vítima a suspeito.
O delegado Alexandre Fleck, da Delegacia de Roubo de Cargas, diz que o trabalho agora é apurar como os telefones foram enviados para Fortaleza. Segundo a investigação, já se sabe que os cerca de 20 mil smartphones levados pelo grupo criminoso em nove ataques milionários foram mesmo encaminhados para outros Estados, mas também revendidos pela internet e na região da Rua Voluntários da Pátria, na área central de Porto Alegre. Os aparelhos normalmente são revendidos pela metade do preço de mercado.
- Sobre a internet, só existe a receptação e o roubo porque há quem compra. E tem até uma espécie de código entre as pessoas que querem pagar mais barato por produtos roubados, que é "novo, lacrado e na caixa". Quando aparece isso, já se sabe que a maioria é roubada - diz o delegado André Anicet, também do Deic.
A polícia já identificou 35 integrantes da quadrilha, prendendo 17 e indiciando outros 26 pelos roubos desde 2017. Em relação à receptação, 17 suspeitos já foram presos. Um deles foi uma mulher logo depois do roubo na Latam. Ela também estava com cerca de 300 celulares roubados do depósito no Salgado Filho.