Em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade na manhã desta segunda-feira (11), o advogado Vanderlei Pompeo de Mattos, que defende Graciele Ugulini no caso Bernardo Boldrini, afirmou que a morte do menino de 11 anos foi um acidente. Ele pretende desqualificar o crime de homicídio doloso (quando há intenção de matar) para culposo (quando não dá o objetivo de causar morte). Graciele — madrasta de Bernardo — e a amiga, Edelvânia Wirganovicz, teriam dado dois comprimidos calmantes ao garoto e uma injeção, que teriam provocado a morte da criança.
— Conforme ela (Graciele) sustenta, e me convenceu disso, ela disponibilizou medicação para o menino e ele ingeriu por uma vez, por duas, por três... Não sei por quantas. E aconteceu essa fatalidade — afirma o advogado.
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Questionado por qual razão a enfermeira não deu assistência ao menino, Pompeo de Mattos alegou:
— A resposta está nos autos do processo: ela entrou em estado de desespero, não sabia se ia em uma delegacia ou no hospital. Fez a opção pela tentativa doida, insana, de ocultar o cadáver. Infelizmente, foi isso.
O defensor acrescenta que não há provas que possam incriminar Graciele.
— Para os senhores terem noção, foi mobilizado o aparato estatal como nunca antes visto em nenhum processo na história do Judiciário gaúcho. O IGP encampou esse caso com os maiores e melhores técnicos, peritos, para análise dos mais minuciosos detalhes. E o que aconteceu? Prova técnica, científica, não temos nada sobre a morte do Bernardo — ressalta o defensor, complementando:
— Nem sobre uma agressão, nem sobre uma provável superdosagem de medicação. Não temos nada. Todos os laudos são inconclusivos.
Sobre o depoimento da Edelvânia dizendo que Graciele planejou o crime, que gostaria de se livrar do enteado — e que, inclusive, já havia tentado sufocar o menino em outra oportunidade —, Pompeo de Matos reitera que a informação não procede.
— Temos a estrutura do Conselho Tutelar de Três Passos que nunca recebeu notícia dessa natureza. E fizeram uma devassa na história comportamental do menino e na situação familiar. Não veio essa história do sufocamento.
O caso
Bernardo Uglione Boldrini foi morto em 4 de abril de 2014. Dez dias depois, o corpo foi encontrado em uma cova, no interior de Frederico Westphalen. Bernardo desapareceu em 4 de abril de 2014 de Três Passos, onde vivia com o pai, o médico Leandro Boldrini e a madrasta, Graciele Ugulini. Ele foi encontrado morto 10 dias depois, no interior de Frederico Westphalen. Amiga da madrasta, Edelvânia Wirganovicz levou os policiais até a cova onde o menino foi enterrado. Ela confessou ter participado da morte do menino, com Graciele.
A madrasta e o marido se tornaram réus no caso. O irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, também foi preso e responde pelo crime. Ele é acusado de ter ajudado a cavar a cova onde o corpo do menino foi ocultado. Segundo a denúncia do MP, Graciele e Edelvânia teriam dado dois comprimidos calmantes ao menino e uma injeção, que teriam provocado a morte da criança. Os quatro vão a julgamento na segunda-feira (11).