Um dos sobrenomes de Michel Renan Bragé de Oliveira, incorporado ao seu apelido, Bragé da Bonja, há muito tempo é bastante conhecido pela Polícia Civil gaúcha e pela comunidade do bairro Bom Jesus, na zona leste de Porto Alegre.
Durante quase três décadas, a região foi disputada pelas famílias Bragé e Miranda, que comandavam negócios lícitos e ilícitos.
Nem todos os familiares, de um lado e de outro, estiveram envolvidos nos crimes ou na guerra. Mas nas disputas entre os dois grupos, morreram dezenas de pessoas, de adolescentes a idosos, homens e mulheres, e todos acabavam sofrendo com as consequências, em meio ao medo provocado pelos constantes tiroteios e execuções a qualquer hora do dia. Fatos que, aliás, aterrorizavam comunidade toda.
A Polícia Civil bem que tentava combater os conflitos entre os grupos. Diversas operações, principalmente no início da década passada, foram realizadas a fim de prender os envolvidos. Contudo, bastava os policiais deixarem o local para que novos tiroteios fossem iniciados.
Entre os anos de 2007 e 2008, aos poucos, a guerra entre as famílias perdia o protagonismo na criminalidade do Bom Jesus. Um novo grupo, sem afinidade familiar, com muitos jovens e adolescentes em sua base, começava a se expandir e, por meio da força, a dominar os negócios ilícitos do bairro, principalmente o tráfico de drogas.
Os próprios Miranda e Bragé, que tentavam resistir, acabaram sucumbindo ao poderio da nova quadrilha. Era o nascimento de uma das maiores e mais violentas facções criminosas do Estado. Nas execuções, costumavam dar os chamados "tiros de esculacho", no rosto da vítima, para obrigar a realização de velórios com caixões fechados.
Bragé da Bonja, envolvido na morte da menina Alice e no desaparecimento da modelo Nicolle, aderiu ao grupo e, em nome deste, praticou os crimes.