
Atualização: o corpo de Paulo Junior da Costa foi encontrado no 4/1/2019 em Santa Catarina.
O movimento não para na casa da família do universitário e motorista de aplicativo Paulo Junior da Costa, 22 anos, desaparecido desde a última segunda-feira (31). Há um entra e sai de amigos na residência, que fica no bairro Jardim dos Lagos, em Guaíba. Eles se revezam na busca ao rapaz.
A mobilização é equivalente à esperança.
— A gente vai fazer uma festa de Ano-Novo, mesmo que atrasada — afirma Neiva Amador, 39 anos, mãe do universitário.
O desaparecimento aconteceu horas antes da virada do ano. Em um último contato telefônico com o pai, Flávio Paulo da Costa, 49 anos, por volta das 20h30min, disse que não iria demorar e que levaria o carvão para o churrasco de Réveillon.
Antes, a namorada, a técnica em enfermagem e acadêmica em Enfermagem Lavínia Gomes, 19 anos, havia trocado mensagens por WhatsApp com ele. Entre outras coisas, o universitário teria dito que estava realizando uma corrida por aplicativo para Pelotas, distante 267 quilômetros de Guaíba. Em uma hora, dizia ele, estaria retornando.

Lavínia estranhou. As mensagens escritas foram enviadas com muitos erros ortográficos, o que não era normal. Como Paulo Júnior não atendeu mais ao telefone, a família passou a primeira madrugada do ano no plantão da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), no Palácio da Polícia, em Porto Alegre.
— Logo a gente percebeu que havia algo errado — relembra a mãe.
Desde então, a família vive angustiada. Em contatos com a Polícia Civil, recebe como resposta que as investigações seguem em sigilo e que as informações obtidas ainda não podem ser repassadas. O carro, até o momento, não foi localizado.
A mãe e o pai lembram que o filho sempre foi muito caseiro e esforçado na busca por seus objetivos.
— Sai muito pouco. É um guri muito inteligente, sempre esforçado na escola, muito dedicado. Sempre gostou de mecânica e tem entre os objetivos ser engenheiro. E se Deus quiser, ele vai ser — afirma Neiva, lembrando que o filho cursa a faculdade de Engenharia e faz estágio, além de dirigir por aplicativo.
O pai, em determinados momentos, pensa no pior, mas logo busca apoio na fé:
— Um pai não pode enterrar um filho. É uma dor muito grande. Tenho muita fé que isso não vai acontecer.

A aflição dos pais é compartilhada pela namorada. De acordo com a técnica em enfermagem, o relacionamento começou há um ano. Os dois se conheceram no Colégio Estadual Augusto Meyer.
— No dia 31, às 13h, ele me deixou na clínica onde trabalho. Foi a última vez que nos falamos pessoalmente. Agora já estou um pouco mais forte e conformada em não saber quando vou voltar a vê-lo, mas nos primeiros dias foi muito difícil até de dormir — diz a jovem.
Amigos realizam mutirões de buscas
Entre os amigos, a situação não é diferente. Em caravanas, mais de 30 pessoas percorreram possíveis locais onde possam encontrar o universitário.
Na quarta-feira, um dos amigos levantou a hipótese de que ele estivesse em Santo Antônio da Patrulha, ao rastrear o celular de Paulo Junior. Eles foram até o município do Litoral Norte. Nesta quinta-feira (3), estava previsto que percorriam ilhas do Guaíba. A base para essa incursão foi informação repassada anonimamente.
— O problema é que passam muitas informações falsas. Até dinheiro do pai dele já tentaram tirar — conta o motorista Diego Freitas Vargas, amigo da família há 20 anos.
A Polícia Civil, de acordo com a delegada Roberta Bertoldo, da 2ª Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa, avança nas investigações, mas, para não atrapalhá-las, não pode divulgar detalhes. Entre as poucas informações liberadas, está a de que Paulo Junior realizou a última corrida, pelo aplicativo Uber, entre 17h e 18h de segunda-feira, cerca de duas horas antes do último contato com familiares.