A Polícia Civil gaúcha afirma que quase todas as denúncias recebidas sobre o sequestro e assassinato da menina Eduarda Herrera de Melo, 9 anos, foram descartadas durante a investigação. Nos primeiros dias após o crime, cerca de 50 pessoas foram denunciadas anonimamente após a divulgação do retrato falado do suspeito de cometer o homicídio.
No final de novembro, a polícia fez uma força-tarefa para ouvir todos que foram denunciados. No depoimento, eles tiverem que esclarecer o que faziam na noite de 21 de outubro, quando a menina sumiu, com quem estavam e ainda se tinham o interesse em realizar um teste de DNA, que depois deve ser confrontado com os indícios encontrados na cena do crime.
A delegada Andrea Magno não detalhou quantas pessoas ainda são consideradas suspeitas, para não atrapalhar a investigação, que corre sob sigilo. Até hoje, a polícia não disse com quais linhas de investigação trabalha e nem se possui algum suspeito considerado principal.
— Eles (apontados como suspeitos) foram trazidos para o inquérito pelas denúncias e por isso foi apurada a participação deles. Era importante para polícia e para eles esclarecer o que ocorria, e praticamente todos os homens das denúncias do retrato falado foram descartados — diz a delegada.
Andrea explica ainda que, mesmo tendo descartado a maioria dos suspeitos, a investigação também segue um rumo próprio com base nos rastros encontrados pela polícia.
Segundo a polícia, parte das pessoas denunciadas chegou a ser ameaçada de morte em redes sociais e até presencialmente.
Força-tarefa
A força-tarefa que havia sido montada para apurar as denúncias, com policiais do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), do Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) e do Departamento de Homicídios, foi dissolvida após a apuração do maior volume de denúncias.
Para a Andrea, no entanto, a investigação segue sendo a prioridade de sua delegacia e, se for necessário, voltará a pedir reforço. Não há uma previsão para conclusão do inquérito.
Entenda o caso
Eduarda desapareceu em 21 de outubro, enquanto brincava de roller com uma vizinha e o irmão no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre. No dia seguinte, o corpo da menina foi encontrado às margens da RS-118, em Alvorada. O inquérito ultrapassa 500 páginas, mas está em segredo de Justiça e, por isso, muitos detalhes não são repassados a GaúchaZH.
No dia do crime, o subchefe da Polícia Civil, Leonel Carivalli, revelou que a menina foi morta por afogamento. O atestado de óbito aponta que ela foi assassinada por volta de 0h30min - cerca de quatro horas após o rapto.
Com a morte de Eduarda, uma onda de denúncias passou a ser recebida pela polícia por supostos sumiços de crianças na Região Metropolitana. Houve protestos em delegacias e queima de pneus.