Após o assassinato da menina Eduarda Herrera de Mello, 9 anos, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul passou a receber uma onda de denúncias sobre supostas tentativas de sequestros de crianças. Desde a segunda-feira (22), quando o corpo da menina foi encontrado às margens da RS-118, em Alvorada, treze ocorrências policiais foram feitas no Estado sobre possíveis tentativas de tomada de crianças. Antes da morte da menina, a polícia havia recebido apenas duas ocorrências em outubro.
São três ocorrências em Porto Alegre, sete na Região Metropolitana (sendo três em Cachoeirinha, três em Gravataí e uma em São Leopoldo) e cinco no Interior (em Tramandaí, Caxias do Sul, Alegrete, Uruguaiana e Bom Princípio). As crianças que supostamente teriam sido alvo de criminosos tinham entre 3 meses e 13 anos de idade.
O chefe de Polícia do Rio Grande do Sul, delegado Emerson Wendt, explica que até o momento “nenhum caso foi confirmado veementemente como tentativa de sequestro”. Segundo o delegado, após todos os registros, os comunicantes são ouvidos em detalhes por policiais. Possíveis testemunhas que estavam próximas dos lugares onde teriam ocorrido os crimes são também interrogadas.
Alguns dos relatos eram meros sustos dos familiares ou algum mal-entendido. Um dos casos registrados em Porto Alegre tratava-se somente de um carro que parou próximo a um local onde estava uma criança. Um dos ocupantes teria aberto a porta e os pais acharam que a criança seria sequestrada.
— O que nos preocupa é uma mobilização (de casos que vêm sendo relatados). Ontem, policiais de Gravataí se mobilizaram por essas situações mais do que qualquer outra questão. Deixamos de investigar homicídios, outros fatos graves, para investigar essas situações - o que é natural, já que envolve crianças e por isso são prioridade —explica o chefe de Polícia.
Após o assassinato de Eduarda, houve protestos por dois dias seguidos na zona norte de Porto Alegre, bloqueando vias como a Avenida Protásio Alves. Os manifestantes pediam Justiça para o caso da menina assassinada, mas também reclamavam de recentes tentativas de sequestro. A maioria dos relatos se prolifera em grupos de WhatsApp e publicações no Facebook.
A delegada Adriana Regina da Costa, diretora do Departamento Estadual da Criança e do Adolescente (Deca), explica que os relatos são todos distintos, não indicando a existência de uma quadrilha que aja nesse tipo de crime.
— O que chama a atenção é que são ocorrências totalmente diferentes, com homens, carros, mulheres. Antes eram muitos boatos, sem ocorrências. Agora estão chegando ocorrências, mas não configuram tentativa de sequestro, pelos depoimentos que colhemos de testemunhas e comunicantes — explica.
A orientação da Polícia Civil é de que as pessoas não repassem informações não confirmadas.
Investigação do assassinato
A investigação sobre o assassinato da menina Eduarda corre em sigilo. Desde o dia do crime, a Polícia Civil não repassa mais detalhes das investigações. Um retrato falado do suspeito de ter sequestrado a menina em frente à casa dela foi divulgado. O crime gerou comoção e protestos em Porto Alegre. Em um deles, uma delegacia foi cercada por populares, que achavam que os agentes estavam escondendo o suspeito do crime.