Uma técnica de enfermagem que atua como socorrista voluntária de Cachoeirinha, na Região Metropolitana, precisou mudar de endereço e parar de usar o próprio carro após ser apontada falsamente em boatos nas redes sociais como sequestradora de crianças para uma quadrilha de tráfico de órgãos.
As mensagens, que começaram a circular na terça-feira (23), mostram a foto de um casal, o nome dos dois, a placa do carro e até mesmo o endereço onde Adriana Klein mora.
— Não estou na minha casa por questão de segurança, tenho duas filhas. Ontem (na quarta-feira) fui à minha casa para pegar algumas coisas e, quando cheguei, vi algumas pedras na área da casa e no pátio — contou Adriana.
A situação fez com que a instituição em que ela atua emitisse uma nota para tentar esclarecer os fatos. Conforme o presidente do Grave – Resgate Voluntário, Michel Elias da Silva, os boatos estão afetando os outros voluntários e o Corpo de Bombeiros.
— Uma informação mentirosa correndo desse jeito suja muita coisa. Tem gente fazendo contato, perguntando: "Como pode um voluntário de vocês roubando crianças?" — lamentou.
O presidente ainda relatou que outras mensagens falsas sugerem que a mulher se passa por socorrista para realizar os sequestros. Ele reitera que Adriana atua há anos na instituição, que "não aceita pessoas de má índole".
O delegado Newton Martins afirma que nenhuma criança foi sequestrada na cidade, apesar de registros de supostas tentativas, que não foram confirmadas oficialmente. Ele também alerta que não existe nenhum suspeito sendo investigado pelos crimes.
— São acusações que estão circulando sem fundamento nenhum. Criaram um fenótipo que está circulando nas redes, de uma mulher loira, então todo mundo que é assim acaba sendo ameaçado — explica Martins, dizendo que recebeu outras ocorrências de pessoas que se disseram ameaçadas por serem semelhantes com as características citadas nos boatos.
— A gente poderia estar se empenhando no fato, naquilo que é nossa atribuição, e muitas vezes ficamos nessa análise de denúncias das redes sociais — reclamou o delegado.