Pela primeira vez depois das denúncias de crimes sexuais, o médium goiano João Teixeira de Faria, o João de Deus, visitou nesta quarta-feira (12) a Casa Dom Inácio de Loyola, em Abadiânia (GO). Ele ficou pouco mais de 10 minutos no local e disse que "não tinha condições de trabalhar". As primeiras informações sobre os abusos foram divulgadas há cinco dias.
A chegada do médium de 76 anos foi tumultuada e tensa. Jornalistas e admiradores o cercaram. Um grupo de pessoas vestidas de branco fez uma espécie de cordão de isolamento.
O escândalo sobre as acusações de crimes sexuais supostamente cometidos pelo médium goiano divide opiniões no município de aproximadamente 12 mil habitantes, a cerca de 110 quilômetros de Brasília. Na cidade, João de Deus fundou seu centro de atendimento em 1976.
Diversas personalidades artísticas e políticas já passaram pelo centro do médium.
— É fato que ele (João de Deus) é responsável pela geração de aproximadamente 1,2 mil vagas de trabalho no município — reconheceu o prefeito José Diniz (PSD), ao declarar que as denúncias trazidas a público primeiramente pelo programa Conversa com Bial, da Rede Globo, e, depois, pelo Ministério Público de Goiás (MP-GO), chocaram a toda a cidade.
— Ficamos todos muito preocupados com a notícia — acrescentou o prefeito, referindo-se aos potenciais prejuízos econômicos que a ameaça do MP estadual pode trazer à cidade caso se concretize.
De acordo com MP-GO, 206 mulheres relataram, até essa terça-feira, denúncias de abuso sexual contra o médium João de Deus. O Ministério Público de São Paulo criou uma força-tarefa com seis promotores e uma equipe de apoio para apurar as denúncias.