Correção: o laudo divulgado nesta terça-feira (13) conclui que a jovem fez mais lesões no próprio corpo antes de depor à polícia, em 10 de outubro, e não antes da perícia realizada em 9 de outubro, como informado incorretamente entre 9h52min e 10h04min. O texto foi corrigido.
Depois de a Polícia Civil indiciar por falsa comunicação de crime uma jovem de 19 anos suspeita de se automutilar na barriga com um símbolo que lembra uma suástica, a conclusão de um novo laudo pericial reforça o entendimento de que houve intenção dela em fazer as lesões. Segundo o delegado Paulo César Jardim, titular da 1ª Delegacia de Porto Alegre, há diferenças nas marcas entre a análise feita pelo Departamento Médico Legal (DML) no corpo da estudante, em 9 de outubro, e numa fotografia feita no dia seguinte, quando a jovem prestou depoimento na 1ª DP na investigação que apurava um suposto ataque de três homens em outubro deste ano no bairro Cidade Baixa.
Jardim diz que o Departamento de Criminalística concluiu que a imagem feita no dia seguinte apresentava mais lesões feitas por um objeto cortante do que o verificado na perícia. Segundo a conclusão dos peritos, são pelo menos 10 riscos a mais feitos em períodos distintos. Jardim entende que, ao demorar em fazer a ocorrência policial, a indiciada fez novas marcas no corpo ou, no mínimo, permitiu que alguém fizesse.
— Reexaminando o laudo, eu comecei a ver os números de traços e comparei com as fotografias que fizemos aqui na delegacia. Eu fiz um ofício para o DML solicitando o comparativo — disse o delegado. — Para mim, esse novo laudo corrobora o laudo inicial e o nosso indiciamento, ou seja, que ela teve sim intenção em fazer esses riscos no próprio corpo — completou.
Ouça a entrevista do delegado Paulo César Jardim
Esse novo laudo será anexado ao termo circunstanciado que concluiu ter ocorrido automutilação ou lesão com consentimento da vítima, além das lesões terem sido superficiais, contínuas, uniformes e sem profundidade em região do corpo facilmente acessível pela jovem. Além disso, todas as testemunhas negaram a versão apresentada pela mulher, e a suposta agressão que ela teria sofrido por portar objeto com o símbolo LGBT+ e com o termo "EleNão" não apareceu em pelo menos 15 imagens de câmeras de segurança. Por isso, ela foi indiciada por falsa comunicação de crime. Em caso de condenação, a pena varia de seis a um ano de prisão. A investigação está com o Ministério Público.
Jardim também entende que a estudante tem sérios problemas psicológicos e voltou a dizer que não houve conotação política. O nome da indiciada não foi divulgado por questões de segurança.
GaúchaZH entrou em contato com a advogada Gabriela Souza, que defende a jovem. A advogada afirmou que se manifestará apenas após tomar conhecimento do teor do laudo divulgado nesta terça-feira.