A 1ª Delegacia da Polícia Civil de Cachoeirinha prendeu no final da noite de terça-feira (11) um motorista de Uber suspeito de estupro e cárcere privado de uma adolescente de 17 anos. O mandado de prisão preventiva foi cumprido no Morro da Cruz, na zona leste de Porto Alegre. Conforme a 1ª DP, o fato ocorreu em julho deste ano, quando Antônio Carlos de Oliveira Rodrigues, 36 anos, foi acionado para uma corrida em Gravataí, em uma boate às margens da RS-020. O delegado Leonel Baldasso diz que confirmou o envolvimento do condutor devido a um rastreador veicular.
Segundo a investigação, no dia 8 de julho, amigas da jovem acionaram a Uber para que fossem para casa em Cachoeirinha devido ao estado em que se encontrava por ter ingerido bebida alcoólica em excesso. Por volta das 2h, o motorista chegou ao local indicado e ajudou a colocar a passageira no veículo. Um trajeto que não demoraria mais de 30 minutos, segundo a polícia, levou quase três horas, e a jovem chegou em casa às 5h50min.
Ao acordar na manhã daquele dia, a adolescente comunicou à mãe sobre dores no corpo e foi feita ocorrência policial e exames periciais confirmaram a violência sexual. Baldasso passou a investigar o caso e obteve na Justiça a prisão preventiva do motorista.
A polícia, por meio de GPS no Sandero, confirmou que Rodrigues não parou na frente da casa da passageira, passando pelo local a 6 km/h e indo para Alvorada. Lá, ficou por duas horas e depois retornou ao endereço da vítima.
— Ele é considerado suspeito, mas tem muitos detalhes contra ele e um deles é o fato de a jovem dizer que se lembrava vagamente da cor de um colchão e de que na casa onde esteve tinham dois cachorros. Quando fomos tentar prendê-lo ontem (terça-feira), em um local onde ele vive em Alvorada, confirmamos a cor do colchão e os dois cães, inclusive o tamanho e a cor do pelo deles, conforme a descrição dela — diz Baldasso.
Antecedentes criminais
O delegado diz que o suspeito tem antecedentes criminais e estava com a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) cassada. Segundo Baldasso, Rodrigues teria falsificado documentos de antecedentes policiais para locar um carro de uma terceira pessoa e para apresentar à empresa de transporte de aplicativo.
A polícia aguarda novos exames periciais para ter mais provas sobre o abuso sexual e ainda espera comunicado oficial da Uber. Baldasso disse que Rodrigues responde pelos crimes de estupro, cárcere privado, furto de celular e falsificação de documentos. Ele é apontado também por ter levado o celular da adolescente. Questionado pelos policiais civis, disse que não se lembrava dos fatos e só se manifestará em juízo. Ele foi encaminhado a uma casa prisional da Região Metropolitana.
Contraponto
A Uber se manifestou por meio de nota. Confira a íntegra:
A Uber lamenta o crime terrível que está sendo investigado. Nenhum comportamento criminoso é tolerado e o motorista foi banido da plataforma assim que a denúncia foi feita. A Uber repudia qualquer tipo de comportamento abusivo contra mulheres e acredita na importância de combater, coibir e denunciar casos de assédio e violência. A empresa vem colaborando e segue à disposição das autoridades no curso da investigação ou de processos judiciais, nos termos da lei. Nenhuma viagem com a plataforma é anônima e todas são registradas por GPS. Isso permite que, em caso de necessidade, nossa equipe especializada possa dar suporte às autoridades, sabendo quem foi o motorista parceiro e o usuário, seus históricos e qual o trajeto realizado.