A Polícia Civil confirmou, no final da tarde desta quinta-feira (13), que o corpo encontrado em Morungava, na área rural de Gravataí, ao lado do carro de Evandro Ferreira, 42 anos, é de Elaine Silva da Silva, 52 anos, cunhada dele. Os dois saíram da residência onde viviam em Cachoeirinha, na Região Metropolitana, na terça-feira (11) e não foram mais localizados pelos familiares — ele segue sumido.
A equipe coordenada pelo delegado Leonel Baldasso, da 1ª Delegacia de Polícia de Cachoeirinha, chegou ao local em que estava o corpo de Elaine após receber informações sobre o possível paradeiro dos dois desaparecidos. O Siena vermelho tinha o porta-malas aberto, e o corpo da mulher estava próximo.
O corpo de Elaine, que tem uma marca de pancada na cabeça, estava em um mato, coberto por capim. Perto, estava a bolsa dela, com documentos e dinheiro.
Desaparecimento na terça-feira
Na manhã de terça-feira, Evandro disse que levaria Elaine para o emprego, em uma revenda, em Cachoeirinha. A empresa fica a cerca de dois quilômetros da moradia. Depois, o homem seguiria para curso profissionalizante em Gravataí.
O trajeto era feito diariamente pelos dois. Pouco depois das 9h, a empresa onde Elaine trabalhava informou aos familiares que ela não havia comparecido. Desde então, os dois passaram a ser procurados por familiares e pela polícia. A família chegou a obter imagens de câmeras que registraram o momento em que o veículo de Evandro saiu do pátio da residência em Cachoeirinha.
Imagens de câmeras obtidas pela família mostram o momento em que o Siena saiu da moradia. De acordo com o delegado Leonel Baldasso, a mulher não aparece nessa imagem.
— Ele costumava dar carona para a cunhada. A rotina seria ele sair com o carro da garagem, parar e ela embarcar. Mas isso não foi visto na imagem — diz o delegado.
Com o trabalho de investigações, policiais apuraram que pouco após sair de casa, Evandro esteve em um motel de Cachoeirinha. Cerca de uma hora depois, saiu, aparentemente estava sozinho, e alegou a funcionárias do estabelecimento que a mulher que aguardava não havia chegado. No entanto, uma camareira disse aos agentes que o quarto estava desarrumado, com indícios de que havia sido usado "por mais de uma pessoa".
Na manhã de ontem, a polícia recebeu relatos de moradores de Morungava de que o Siena estava abandonado no matagal, no final da Estrada Santa Cruz. Um homem "com as roupas sujas", teria sido visto circulando pela região.
A partir da localização do veículo, os investigadores chegaram ao corpo, que estava seminu e coberto por uma blusa e por capim, utilizado pelo autor do crime na tentativa de ocultá-lo. Com a chegada da perícia, foi encontrada uma bolsa com uma quantia em dinheiro, documentos e alguns pertences de Elaine.
— Solicitamos a quebra do sigilo telefônico dele (Evandro) dos últimos três meses — diz o delegado Baldasso.
Não usavam nem celular
Solteira e, aparentemente, sem relacionamentos amorosos, Elaine foi descrita para a polícia como uma mulher "recatada".
— Quando um desaparecimento é registrado, costumamos apurar inicialmente se existe um crime a ser investigado ou se foi apenas uma saída voluntária. Elaine tinha uma vida social muito restrita. Tanto que ela não tinha perfis em redes sociais e nem sequer celular ela usava — explica Baldasso.
Funcionária durante cerca de 20 anos da área administrativa de uma revenda de automóveis de Cachoeirinha, ela nunca havia faltado ao trabalho e costumam ser pontual. Tanto que, na terça-feira, quando seu atraso alcançou uma hora, colegas entraram em contato com sua família, indagando se havia acontecido alguma coisa que alterasse sua rotina.
Casado, há 20 anos, o instrutor de danças estaria vivendo um momento de crise no relacionamento.