Após cinco tentativas frustradas desde 2014, o julgamento do ex-empresário Carlos Flores Chaves Barcellos, o Alemão Caio, 62 anos, será realizado a partir da manhã desta quinta-feira (13), em Torres, no Litoral Norte. Ele é acusado de matar, em 2011, José Augusto Bezerra de Medeiros Neto, namorado de sua ex-mulher, Ivanise Menezes Chaves Barcellos. Também responde pela tentativa de homicídio de Ivanise.
A sessão do Tribunal do Júri, que será presidida pela juíza da 1ª Vara Criminal de Torres, Marilde Angélica Webber Goldschmidt, não contará com a presença de Alemão Caio, que se reservou ao direito de não comparecer ao julgamento. Além disso, a defesa também alegou que o cliente não tem condições de saúde para se deslocar de Osório, onde está detido na penitenciária modulada, até o júri.
A saúde de Alemão Caio foi motivo de outros cancelamentos e adiamentos do júri. Em julho deste ano, testemunhas chegaram a prestar depoimento, mas a Justiça decidiu dissolver o conselho de sentença. A decisão foi tomada porque a advogada de Alemão Caio se negou a defendê-lo em plenário, uma vez que ele estava impossibilitado de comparecer ao julgamento em razão dos problemas de saúde.
Depois dessa tentativa, Alemão Caio, que estava internado em clínicas, não foi localizado pela Justiça. Ele chegou a ser considerado foragido, até ser localizado pela Polícia Civil em um motel na área central de Porto Alegre.
O Ministério Público vai solicitar a condenação por homicídio triplamente qualificado (motivo torpe, meio cruel e recurso que dificultou defesa da vítima) e tentativa de homicídio duplamente qualificado (motivo torpe e recurso que dificultou defesa da vítima). Se condenado, pode receber de 12 a 30 anos de prisão pelo homicídio e de 10 a 20 anos pela tentativa de homicídio.
Procurado por GaúchaZH, o advogado Mateus Marques preferiu não se manifestar sobre a estratégia da defesa antes do julgamento.
Tribunal do Júri
O Tribunal é composto por sete pessoas da sociedade civil, sorteados entre total de 25 jurados no dia da sessão. Julgamentos neste formato ocorrem quando há crime doloso contra a vida. Depois de ouvir as teses de acusação e defesa, caberá aos jurados decidir sem condenam ou absolvem o réu.
Entenda:
— A vítima do crime não era apenas companheiro da ex-mulher de Alemão Caio. Era também amigo de infância do réu. José Augusto de Medeiros Neto, morto aos 50 anos, era surfista e, assim como o acusado, um dos pioneiros do esporte no Estado.
— De uma das mais tradicionais famílias gaúchas, o réu não teria aceitado o relacionamento do amigo com a ex-mulher, o que teria motivado o crime.
— A Polícia Civil apurou que, após esfaquear José Augusto de Medeiros Neto, Alemão Caio teria golpeado a ex-companheira e apontado uma pistola para ela. Na hora que tentou efetuar o disparo, a arma falhou. O filho que Alemão Caio tem com a ex-companheira, na época com 10 anos, presenciou o crime.
— O empresário chegou a ser preso em flagrante na casa da vítima, na época do crime. Anos depois, foi beneficiado pela prisão domiciliar, alegando problemas de saúde. Passou por avaliações de sanidade mental e teve recursos analisados pelo Tribunal de Justiça.