Após 40 dias de investigação, a Polícia Civil conseguiu localizar em um motel do bairro Azenha, em Porto Alegre, o empresário Carlos Flores Chaves Barcellos, o Alemão Caio. O homem é acusado de matar o namorado da ex-mulher por ciúmes em 2011, em Torres, no Litoral Norte.
O ex-empresário estava foragido desde julho, quando teve a prisão preventiva decretada e não foi localizado. De acordo com o titular da Delegacia de Capturas do Deic, delegado Arthur Raldi, Caio se aproveitou de uma rede de contatos para conseguir se esconder nesse período.
— Ficou escondido em diversos locais, com apoio de diversas pessoas que estavam dando guarida para ele em Porto Alegre e outras cidades. Essas pessoas fazem parte da investigação e existe possibilidade de serem responsabilizadas — relatou Raldi.
O empresário não tentou reagir quando foi surpreendido pelos policiais. Ele estava no motel, onde iria se encontrar com uma mulher. Segundo Raldi, o réu estava planejando fugir para Santa Catarina, onde ficaria escondido até que a prisão preventiva fosse derrubada pela defesa. Nesta sexta-feira (24), o advogado Mateus Marques assumiu a defesa de Alemão Caio. O advogado afirma que irá manter o pedido de habeas corpus encaminhado pela defesa anterior. Ele também pretende, nos próximos dias, conversar com a juíza do caso, em Torres, e mostrar o estado de saúde do réu para tentar uma transferência para clínica ou hospital.
Com problemas de saúde, que inclusive determinaram a prisão domiciliar que era cumprida em clínicas, Caio estava debilitado. Conforme os policiais, conseguiu manter o tratamento por meio de contatos com médicos e enfermeiros que prestaram apoio. Atualmente, está preso no Presídio Central de Porto Alegre.
Alemão Caio vai a Júri por homicídio triplamente qualificado e tentativa de homicídio duplamente qualificada. Por alegação de problemas de saúde, o júri chegou a ser transferido cinco vezes.
Entenda:
— A vítima do crime não era apenas companheiro da ex-mulher de Alemão Caio. Era também amigo de infância do réu. José Augusto de Medeiros Neto, morto aos 50 anos, era surfista e, assim como o acusado, um dos pioneiros do esporte no Estado.
— De uma das mais tradicionais famílias gaúchas, o réu não teria aceitado o relacionamento do amigo com a ex-mulher, o que teria motivado o crime.
— A Polícia Civil apurou que, após esfaquear José Augusto de Medeiros Neto, Alemão Caio teria golpeado a ex-companheira e apontado uma pistola para ela. Na hora que tentou efetuar o disparo, a arma falhou. O filho que Alemão Caio tem com a ex-companheira, na época com 10 anos, presenciou o crime.
— O empresário chegou a ser preso em flagrante na casa da vítima, na época do crime. Anos depois, foi beneficiado pela prisão domiciliar, alegando problemas de saúde. Passou por avaliações de sanidade mental e teve recursos analisados pelo Tribunal de Justiça.
— Desde 2014, cinco júris chegaram a ser marcados mas, sempre em virtude das fugas do réu, os julgamentos foram adiados. O último estava marcado para junho deste ano, quando escapou novamente. A recente fuga originou o mandado de prisão preventiva cumprido nesta quarta-feira.
— Em julho, houve buscas em três endereços diferentes na Capital, mas os policiais não conseguiram localizar Alemão.
— O próximo júri está marcado para o dia 13 de setembro. O réu pode receber pena de 12 a 30 anos de prisão pelo homicídio e de 10 a 20 anos pela tentativa de homicídio em caso de condenação.