A juíza Paula Benedet, da 1ª Vara Judicial de Charqueadas, manteve a prisão domiciliar do réu Jonatha Paulino da Silva Hammes, apesar do pedido do Ministério Público para que ele tivesse prisão preventiva decretada. Há três anos, o acusado e outros jovens mataram o adolescente Ronei Wilson Faleiro Junior, 17 anos, na saída de uma festa no município do Vale do Caí. A decisão da magistrada teve como base o fato de que o investigado sofre de uma doença grave e precisa constantemente de atendimento médico.
Segundo a decisão do Judiciário, Hammes necessita inclusive transfusões de sangue, o que não seria possível em meio ao regime fechado no sistema prisional. Outros oito réus seguem detidos no Presídio Central. Um décimo acusado, que foi apontado como envolvido no caso durante a investigação e que responde a processo paralelo, também está em prisão domiciliar.
Os acusados respondem também por agressões contra um casal amigo da vítima e ao pai de Faleiro, que estava no local aguardando o filho. Pelo menos 14 pessoas estavam envolvidas no crime. Quatro adolescentes já foram julgados e cumprem medida socioeducativa na Fundação de Atendimento Socioeducativo (Fase). Os 10 adultos devem ir a júri — ainda são aguardados recursos em segunda instância.
Agressão
No dia 1º de agosto de 2015 ocorreu uma briga na saída de uma festa no Clube Tiradentes, no centro de Charqueadas. O adolescente morto não tinha envolvimento em atos infracionais. Um grupo de jovens foi barrado no evento e, por isso, teria ameaçado um amigo de Faleiro.
Antes de ir embora, o adolescente ligou para seu pai e ofereceu uma carona para o colega ameaçado e a namorada dele. No momento em que os três jovens estavam entrando no carro, os dois amigos foram puxados de volta pelos agressores, grupo de pelo menos 14 pessoas. A vítima foi espancada e atingida por garrafadas, morrendo em um hospital de Porto Alegre. O pai dele ficou ferido de gravemente ao tentar defendê-lo.
Em uma das várias mensagens que os suspeitos trocaram entre si após o crime, a investigação divulgou um deles que mostra a frieza dos acusados ao contar detalhes do que ocorreu: “Comecei a chutar a cabeça dele, tipo GTA (jogo de videogame). E quando vi, vieram outros e começaram a chutar e dar garrafadas”, diz trecho.
Crimes
Os réus respondem pelos crimes de homicídio triplamente qualificado (motivo fútil, uso de meio que dificultou a defesa e de meio cruel), homicídio tentado (três vezes, com as mesmas qualificadoras) com relação às vítimas e corrupção de menores. A magistrada rejeitou a denúncia quanto ao crime de associação criminosa.