Em decisão da juíza Paula Fernandes Benedet, da 1ª Vara Judicial de Charqueadas, um dos suspeitos de praticar as agressões que resultaram na morte do adolescente Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro Júnior, 17 anos, em agosto de 2015, ganhou direito à prisão domiciliar. Rafael Trindade de Almeida, 20 anos, estava preso preventivamente desde março. Após ter dois pedidos de revogação da detenção negados, a defesa conseguiu, na última terça-feira, o relaxamento da pena. Outros oito suspeitos de envolvimento no caso permanecem presos.
Almeida ficará preso em regime domiciliar, podendo sair de casa apenas para ir ao trabalho e tendo que manter distância de no mínimo 200 metros das vítimas. No despacho, a juíza considera que, pelo fato de ele ser réu primário e ter trabalho fixo, não há mais "elementos que comprovem o risco à ordem pública e à instrução probatória".
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Conhecido na cidade como "Robinho", Almeida foi denunciado por homicídio quadruplamente qualificado, três tentativas de homicídio quadruplamente qualificadas e por corrupção de menores devido ao envolvimento de quatro adolescentes nos crimes. O jovem também é investigado por outra tentativa de homicídio, praticada neste ano, e tem antecedentes por lesões corporais, posse de explosivo e de drogas, tráfico de drogas, dano, ameaça e roubo.
Para o pai de Ronei, o empresário Ronei Wilson Jurkfitz Faleiro, a decisão da Justiça é preocupante. Ele relata que soube da informação no final da tarde desta quinta-feira.
– Recebi a notícia com tristeza e preocupação, por ver o andamento das coisas. Entendo que a Justiça tem seus caminhos, mas em contrapartida a gente vê nesse processo muitas manobras, muitos atalhos. Me sinto bastante derrotado – comenta.
Até o momento, foram realizadas duas audiências sobre o caso.
– Não quero a injustiça, mas gostaria de ver todos os envolvidos respondendo de forma adequada – afirma o pai.
A reportagem tentou contato com a defesa de Almeida, mas não obteve retorno.
O crime
O jovem de 17 anos foi assassinado na madrugada de 1º de agosto do ano passado ao sair de uma festa na cidade de Charqueadas, organizada para angariar fundos para a formatura da turma de terceiro ano da Escola Técnica Cenecista Carolino Euzebio Nunes.
Um grupo de jovens foi barrado no evento e, por isso, teria ameaçado um amigo de Ronei Júnior. Antes de ir embora, o adolescente ligou para seu pai e ofereceu uma carona para o amigo ameaçado e sua namorada.
No momento em que os dois garotos estavam entrando no carro, eles foram puxados de volta pelos agressores, um grupo de pelo menos 14 pessoas. O empresário, que saiu do veículo para ajudá-los, também foi bastante agredido. Ronei Júnior não resistiu aos ferimentos e morreu a caminho a hospital.