A Polícia Civil concluiu a investigação sobre o roubo e estupro iniciado no estacionamento da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Marcelo Daniel Farioli, 43 anos, teve a prisão preventiva decretada pela Justiça e segue recolhido na galeria de isolamento da Penitenciária Estadual, na localidade do Apanhador. Se condenado pelos crimes, ele pode receber uma pena que varia entre 16 e 32 anos de prisão. O inquérito está em análise pela promotora Rejane Vieira e Silva, da 6ª Promotoria Criminal.
O perfil do indiciado seria bem diferente do estudante de Direito que chamava atenção por fazer caricaturas em guardanapos para clientes de uma lancheria em Caxias. Conforme a polícia, Farioli é um velho conhecido que acabava sempre solto após pequenos períodos preso em razão de não ser considerado perigoso. Antes do dia 2 de julho, quando ocorreu o estupro, Farioli já somava 12 entradas no sistema penitenciário. O primeiro crime do qual é suspeito ocorreu em 1997, quando tinha 22 anos. Os delitos mais graves na ficha policial incluem porte ilegal de arma de fogo, furto a estabelecimento comercial e receptações.
A posse de motocicletas furtadas, inclusive, ocasionou as duas prisões em flagrante no primeiro semestre de 2018. A primeira delas ocorreu no dia 10 de março, quando policiais militares perseguiram um motociclista que resistiu a abordagem e tentou fugir fazendo manobras perigosas pelo bairro Lourdes. Farioli acabou capturado na Rua Vereador Mario Pezzi. Como é comum em crimes de receptação, a prisão não durou muito tempo.
Farioli voltaria a ser detido com uma motocicleta furtada no bairro Lourdes no dia 28 de junho, quatro dias antes do roubo com estupro. Na ocasião, ele pagou fiança e foi liberado.
— Nesse caso (receptação), a lei prevê esse direito — explica a delegada plantonista Thalita Andrich, que atendeu àquela ocorrência.
Apesar das inúmeras passagens pelo sistema penitenciário, Farioli não possui condenações. O Fórum de Caxias do Sul confirma, porém, que ele responde processo por vários crimes de menor potencial ofensivo.
Estudante ficou duas horas na mira de revólver
O roubo com estupro teve grande repercussão pela gravidade e por ocorrer dentro da UCS, que rotineiramente recebe reclamações de alunos sobre insegurança e discute a possibilidade de controlar o acesso ao campus. A vítima foi uma estudante que deixava o Bloco L, por volta das 19h30min do dia 2 de julho.
Conforme a investigação da Delegacia de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec), o primeiro crime é um roubo majorado. Farioli teria usado um revólver calibre .38 para render sua vítima e a obrigar a dirigir o Sandero dela até um local ermo no bairro São Luiz da 6ª Légua.
Com a estudante como refém, Farioli teria praticado outros dois crimes: o estupro e uma extorsão mediante sequestro. O indiciado, segundo a Polícia Civil, teria ligado para um familiar da vítima e exigido R$ 2 mil para liberar a universitária. Em ambas as condutas criminosas, o delegado Adriano Linhares entende que o homem teria tentado obter vantagens no momento, ou seja, não planejou os crimes.
Segundo apurou a investigação da Defrec, a vítima ficou duas horas nas mãos do indiciado. Na sequência, a mulher foi abandonada na localidade de São Braz, depois de ter o carro levado pelo suspeito. O Sandero dela foi encontrado pela Brigada Militar na Travessão Solferino, no bairro Cruzeiro, no dia seguinte ao crime. O local, junto com a descrição do criminoso feita pela vítima, foi o ponto de partida da investigação da Defrec.
Quatro dias após o roubo com estupro, Farioli foi preso na casa em que morava — cerca de um quilômetro onde o carro da vítima foi recuperado. Nas buscas, foram encontrados o notebook, a carteira de habilitação e o celular levados da vítima, além de uma espingarda e uma motocicleta furtada, implicando no indiciamento de Farioli também por posse irregular de arma de fogo e receptação. Na sequência, o investigado também foi reconhecido pela vítima.