Depois de 15 horas de julgamento, Igor Rafael Schönberger, 24 anos, foi condenado na quinta-feira (19) a sete anos e onze meses de prisão em regime fechado por colocar fogo na então namorada, Bárbara Hoelscher, 26 anos. A juíza Larissa de Morais Moraes sentenciou o réu por tentativa de homicídio com três qualificadoras (meio cruel, recurso que dificultou a defesa e tentativa de feminicídio). O crime, que deixou a jovem 73 dias internada na UTI com 47% do corpo queimado, aconteceu em 10 de novembro de 2016, na casa onde moravam, em Lindolfo Collor.
A advogada de Bárbara e assistente de acusação do Ministério Público, Caterine Rosa, irá recorrer da decisão por consider a pena, que poderia chegar a 20 anos, excessivamente branda. Uma das alegações da defesa do réu é de que Schönberger ateou fogo para que ela parasse de ofender sua família durante uma discussão. O entendimento da juíza, portanto, foi de que ele agiu sob emoção.
— Foi reconhecido o privilégio, por entenderem que ele agiu sob violenta emoção logo após injusta provocação da vítima. É uma circunstancia subjetiva. Mais uma vez a legislação penal mostra que mulheres podem ser violentadas sob a justificativa de que provocaram o agressor — lamentou Caterine.
No julgamento, os advogados do réu apresentaram uma carta escrita por Bárbara e enviada a Schönberger, que já estava preso, em que ela diz perdoá-lo porque "Deus diz para perdoar". O documento foi utilizado na tentativa de atenuar a pena. Mais tarde, ao pedir a palavra à juíza, Schönberger ajoelhou-se diante de Bárbara, pediu desculpas e disse que ainda gosta dela. A cena foi considerada teatral pela advogada da jovem.
Anderson Roza, advogado do agressor, também irá recorrer da decisão. O defensor pede que seja considerado o crime de lesão corporal gravíssima e não tentativa de homicídio.
Entenda o caso
Denunciado pelo Ministério Público, Schönberger foi preso preventivamente e recolhido ao Presídio Central em 23 de fevereiro de 2017 acusado de tentativa de homicídio quadruplamente qualificado (motivo fútil, recurso que dificultou a defesa da vítima, meio cruel e tentativa de feminicídio). Ele foi pego em uma operação da Delegacia de Capturas do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) em um sítio na cidade de Imigrante, no Vale do Taquari, onde estava escondido há mais de 90 dias.
Em entrevista a GaúchaZH em 2017, Bárbara contou que, em 10 de novembro de 2016, os dois tiveram uma discussão por volta das 22h, quando foi surpreendida, depois de ser agredida fisicamente, por um jato de inseticida na sua boca. Em seguida, ele teria jogado água sanitária no seu corpo e colocado fogo. Igor admitiu apenas ter riscado um fósforo e ter jogado o palito aceso contra Bárbara. Os produtos químicos, garante o advogado do preso, ela própria teria jogado em seu corpo.
As chamas foram contidas debaixo do chuveiro, no momento anterior à correria para chegar ao hospital de Ivoti, de onde foi transferida ainda na madrugada para Novo Hamburgo.