Os dois cachorros da família vítima de chacina em Canasvieiras, Florianópolis, na última quinta-feira (5), foram encontrados por vizinhos. Desaparecidos depois do crime, os dois cães da raça shih tzu estavam com a funcionária que também foi mantida refém pelos criminosos, mas que conseguiu fugir e acionar a Polícia Militar.
A reportagem conversou com vizinhos de Kátya Gaspar Lemos, dona dos cachorros e uma das vítimas, e com funcionários de um petshop da região para descobrir o paradeiro dos animais. Com medo de represálias, todos pediram anonimato.
— Quando soube do acontecido, fui atrás dos cachorros. Eram muitas informações desencontradas, mas conseguimos localizá-los na sexta-feira com a funcionária que fugiu — conta uma vizinha do apart-hotel Venice Beach.
A fêmea se chama Misha. O macho, que é mais velho, é o Benji. Ele perdeu um olho anos atrás e sofre com constantes convulsões. Por isso, uma preocupação era com a falta de medicamento.
— Quando fui pegá-los, o Benji estava alterado, precisando da medicação. Sei que o horário dos remédios é super importante, tanto que ele já estava passando mal quando demos a primeira medicação — relata a mulher que encontrou os animais.
Os cachorros foram entregues a uma cuidadora de animais, a mesma que fez a doação deles à família Gaspar Lemos. Depois de toda essa tragédia, ela decidiu ficar com Misha e Benji.
O crime
Cinco pessoas foram encontradas mortas em um apart-hotel em Canasvieiras, no Norte da Ilha de Santa Catarina, na madrugada de sexta-feira (6). Segundo a Polícia Militar, seis pessoas foram feitas reféns, sendo quatro da mesma família. Uma funcionária do hotel conseguiu fugir e acionar a PM. Em princípio, a causa das mortes teria sido asfixia.
As vítimas foram identificadas pela PM como Paulo Gaspar Lemos, 78 anos, Leandro Gaspar Lemos, 44, Paulo Gaspar Lemos Junior, 51, Kátya Gaspar Lemos, 50, e Ricardo Lora, 39. Eles foram feitos reféns conforme chegavam ao apart-hotel.
Investigação
A chacina é prioridade da Polícia Civil de Florianópolis. Os 12 investigadores da Delegacia de Homicídios (DH) estão concentrados no caso sob o comando da delegada Salete Mariano. No final de semana, a apuração avançou e descartou totalmente o envolvimento de facções no crime. A principal linha de trabalho foca na hipótese de vingança contra Paulo Gaspar Lemos, o patriarca da família.