A 8ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre condenou pelo crime de lavagem de dinheiro Renato Fao Gambini e mais três pessoas apontadas como integrantes da quadrilha do traficante Alexandre Goulart Madeira, o Xandi, assassinado há três anos em Tramandaí, no Litoral Norte. Apontado como sucessor do suspeito de comandar o tráfico de drogas no condomínio Princesa Isabel, bairro Santana, em Porto Alegre, Fao e outras 26 pessoas foram indiciadas em 2015 pela Polícia Civil.
O grupo foi identificado, na época, por estar envolvido em um esquema criminoso que possuía 13 táxis na Capital por meio de laranjas, além de lavar dinheiro por meio de uma produtora musical de Xandi. O Departamento de Investigações do Narcotráfico (Denarc) obteve o sequestro judicial de seis imóveis, inclusive um apartamento de luxo em Florianópolis e uma garagem usada como estacionamento em Porto Alegre, além de oito carros, 12 táxis e uma moto aquática.
O processo judicial, após denúncia do Ministério Público, foi dividido em duas partes e a condenação é relativa ao caso que teve apenas cinco réus. Outro processo, com 22 réus, segue em andamento na 8ª Vara Criminal, e a última movimentação ocorreu no início deste mês.
Condenações
A juíza Carla Haass condenou Fao a cinco anos, um mês e 10 dias de prisão em regime semiaberto pelo crime de lavagem de dinheiro. Como ele já cumpriu mais de dois anose meio em regime fechado na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (Pasc) após prisão preventiva pelo mesmo caso, a Justiça entendeu que a continuidade da pena seria em outro regime. Fao, que já se encontra no regime semiaberto, foi absolvido de outros delitos apontados na época pelo Denarc. No entanto, a juíza Carla Haass está solicitando que o réu informe novo endereço para que seja intimado pessoalmente da sentença.
Outros três suspeitos de integrar o grupo de Xandi também foram condenados por lavagem de dinheiro e absolvidos de outros crimes. Alexandre Munhoz de Camargo Flores foi condenado a sete anos e seis meses e Leandro Fernandes Vieira a seis anos, ambos em regime semiaberto. Já Márcio Antônio Colares Bandeira foi condenado aoito anos e três meses em regime fechado. Todos eles, assim como Fao, foram absolvidos dos demais crimes pelo fato de que já respondiam por estes delitos na Comarca de Tramandaí envolvendo o mesmo caso. Jurema Cristina Marques Perez foi absolvida de todos os delitos. O processo com os outros 22 réus ainda não tem data para julgamento.
Xandi
Xandi comandava a venda de drogas no condomínio Princesa Isabel, área central de Porto Alegre e foi assassinado com tiros de fuzil em janeiro de 2015 em Tramandaí. Depois disso, em março daquele ano, moradores do condomínio concluíram uma pintura no local sobre um grafite homenageando o traficante. O principal suspeito de encomendar a morte de Xandi, Cristiano Souza da Fonseca, o traficante Teréu, que comandava o tráfico no Beco dos Cafunchos, zona leste da Capital, foi assassinado no mês de maio de 2015 na Pasc. Sobre este crime, o processo judicial tem nove réus e todos foram pronunciados pelo júri, mas ainda se aguarda decisão sobre um recurso no Tribunal de Justiça para marcar a data do julgamento. Em novembro de 2015, houve a prisão de Fao.
Segundo o Denarc, mesmo após a morte de Xandi, a quadrilha seguiu vendendo R$ 700 mil por mês em drogas. A polícia contabilizou que o traficante, antes de ser assassinado, entre 2012 e 2014, movimentou R$ 26 milhões. Logo após o homicídio de Xandi, foi preso o comissário da Polícia Civil Nilson Aneli, ex-assessor do secretário da Segurança do governo Tarso Genro. Ele foi apontado por ter envolvimento com o traficante assassinado.