Os dois homens presos na terça-feira (12) e reconhecidos por testemunhas do assalto a um ônibus na Avenida Erico Verissimo, em Porto Alegre — crime que deixou um soldado da Brigada Militar (BM) baleado —, haviam sido presos há pouco mais de um mês e soltos pela Justiça. No dia 8 de maio deste ano, a mesma dupla foi presa pela BM na Vila Maria da Conceição, na zona leste, com granada artesanal, uma pistola, um revólver e um colete à prova de balas. No dia seguinte, decisão da 5ª Vara Criminal do Foro Central de Porto Alegre soltou os suspeitos ainda na delegacia em que estavam.
Na decisão pela soltura de Luiz Claudio Reis Lúcio, 32 anos, e Igor Aires Rodrigues, 21 anos, o juiz Volnei dos Santos Coelho, que atuava como plantonista no dia, confirmou a prisão em flagrante da dupla, mas concedeu liberdade provisória na condição de que eles se apresentassem mensalmente e justificassem suas atividades. No despacho, o juiz embasa sua decisão dizendo que "os flagrados não possuem antecedentes, assim considerados sentenças condenatórias com trânsito em julgado". Os dois possuem apenas antecedentes policiais — sem, porém, terem sido julgados — por tráfico de drogas, e Rodrigues já possuía passagem pelo sistema prisional.
Consultado nesta quinta-feira (14) após pedido de GaúchaZH, o juiz explicou à assessoria de imprensa do Tribunal de Justiça que cumpriu a lei e seguiu a análise das provas apresentadas pela polícia no momento da prisão. Disse, também, que os dois homens citados passaram a responder processo pelo crime em questão.
Os dois estão presos temporariamente no Presídio Central após investigação da força-tarefade roubos a ônibus pelo assalto e tentativa de latrocínio contra o soldado. Policiais acreditam que eles estavam roubando ônibus para pagar a dívida que ficaram com traficantes após a apreensão da granada e das armas.
O soldado Jean Cássio de Vargas, 28 anos, está no Hospital de Pronto Socorro (HPS) de Porto Alegre e corre o risco de perder o movimento das pernas. O soldado, que trabalha no policiamento com motos no 9º Batalhão de Polícia Militar, foi atingido por duas balas — uma delas perfurou o rim e o intestino e se alojou na coluna, segundo o comando da corporação.
Na quarta-feira (13), oito testemunhas que estavam no ônibus da linha Paulino Azurenha e viram o assalto que resultou no roubo da arma do policial seguido de pelo menos dois disparos contra ele reconheceram Lúcio e Rodrigues na delegacia. Com isso, o delegado Daniel Mendelski deve solicitar à Justiça a conversão da prisão dos dois de temporária para preventiva e finalizar o inquérito. O policial espera finalizar a investigação nesta sexta-feira (15).
O roubo
O crime ocorreu na noite de segunda-feira (11). Em férias, o soldado estava dentro do coletivo da linha Paulino Azurenha quando dois homens anunciaram o assalto. O policial imaginou que os criminosos estivessem com uma arma de brinquedo e deu voz de prisão. Ele chegou a entrar em luta corporal com os bandidos, foi agredido e levou dois tiros. A dupla fugiu levando a sua arma.
Durante a noite da segunda e a madrugada de terça, a BM fez um cerco em diversos bairros de Porto Alegre em busca dos suspeitos. No dia seguinte, após denúncias, policiais do 1º Batalhão de Operações Especiais (BOE) encontraram a dupla na Vila Maria da Conceição, nas proximidades de onde eles haviam sido presos um mês antes com a granada. Os agentes do BOE afirmam que os suspeitos ainda tentaram fugir da batida policial.