Ainda neste ano deve entrar em funcionamento o número único de emergência no Rio Grande do Sul, projeto que pretende reunir os serviços de chamadas a Corpo de Bombeiros, Brigada Militar (BM), Polícia Civil, guardas municipais, Polícia Rodoviária Federal (PRF) e Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). Ao entrar em operação, o sistema substituirá os 12 números de emergências por uma sequência única, como o 911 nos Estados Unidos. A combinação ainda não está definida e sua escolha dependerá de dados estatísticos que apontarão a mais utilizada pela população em momentos de apuros.
Conforme o coordenador do Sistema de Segurança Integrada com Municípios, Alexandre Aragon, o governo pretende concluir em três semanas o protocolo de atuação integrada, documento que definirá competências de cada instituição e até quem poderá suprir a demanda em caso de sobrecarga. Depois disso, o funcionamento ficará dependendo de adaptações físicas.
— Quando terminarmos este processo de quem faz o que, iremos troncalizar os telefones. Ou seja, quando alguém acionar qualquer número de emergência, essa ligação caíra em uma central única. O próximo passo, então, será escolher um número que irá substituir os que existem hoje — explica Aragon.
O tenente-coronel aposentado da BM comentou que a implantação não envolve custos, pois será utilizada a estrutura do Departamento de Comando e Controle Integrado (DCCI) para instalação da central única na Capital. Os atendentes ficarão responsáveis por acionar a instituição necessária, evitando que mais de uma equipe seja deslocada para atender a mesma ocorrência. Entre os benefícios para a população, ele destacou a facilidade de memorização. Para o setor público, a redução de gastos desnecessários.
— Hoje, a população não sabe direito para quem ligar. Então telefona para diferentes instituições e mais de uma equipe acaba se deslocando, pois não há comunicação entre elas — exemplificou.
Teste com americanos no Rio se mostrou eficaz
Nas Olimpíadas do Rio de Janeiro, Aragon atuou como comandante-geral da Força Nacional de Segurança e viu a estratégia funcionar. Prevendo a presença maciça de norte-americanos, o governo habilitou a sequência 911 que, ao ser discada, acionava os órgãos de emergência alocados em uma central. Inicialmente, o sistema será implantado nas regiões Metropolitana, das Hortênsias e da Serra. A ideia é expandi-la para as 24 centrais regionais, mas não há data para isto.
—Se fizemos isso para quem era de fora, por que não podemos fazer para a nossa população?— questionou o tenente-coronel.
O secretário estadual da Segurança Pública, Cezar Schirmer, usou um provérbio chinês para definir a elaboração do programa:
—É na escassez que se revela o gênio — sublinhou, antes de complementar:
— É sabido da escassez de recursos e que a segurança pública precisa de verba, integração, inteligência e tecnologia. É nessa direção que estamos trabalhando.
Ex-secretário nacional de Segurança Pública, José Vicente da Silva Filho concorda que os serviços de emergência precisam ser unificados, não só em razão da economia, mas pela operacionalidade:
— A organização estratégica fica muito mais eficiente. O deslocamento passa a ser mais racional. E é assim que funciona no mundo todo.
O colombiano Juan Mario Fandino Marino, estudioso dos temas segurança pública e violência na América Latina e professor aposentado da UFRGS, tem avaliação semelhante. Para ele, a multiplicidade de números dificulta a memorização e até o socorro, pois quem faz a ligação pula de uma instituição a outra até conseguir atendimento.
— As pessoas não têm um menu relâmpago de locais a serem ligados para cada emergência — resumiu.