O delegado regional de Montenegro, Marcelo Farias Pereira, estuda passar a investigação da morte do inspetor Leandro de Oliveira Lopes, 30 anos, para a Corregedoria da Polícia Civil (Cogepol). O investigador foi baleado quando participava de uma operação em Pareci Novo, no Vale do Caí, na última quarta-feira (2). Ele chegou a ser levado ao hospital por colegas, mas acabou não resistindo.
— Eu estou estudando essa possibilidade com muita isenção, com tranquilidade. O principal é que nós já fizemos e estamos fazendo todos os encaminhamentos do material apreendido para a perícia. Estou analisando se vamos encaminhar para a Corregedoria — observa Farias.
Entre os argumentos para a passagem do inquérito para a Cogepol, estão a complexidade da investigação e a participação na operação de policiais de delegacias que não são de sua competência, além da própria morte do agente. A operação era coordenada pela Delegacia Especializada de Furtos, Roubos, Entorpecentes e Capturas (Defrec) de Canoas e contava com a participação de agentes da Delegacia de Homicídios, onde o inspetor atuava.
O delegado nega que a possível transferência do inquérito à Corregedoria seja motivada pela suspeita de que Leandro tenha sido atingido por um dos policiais que estavam em Pareci.
— Não vou estar trabalhando com uma hipótese que a perícia não apontou nada. Não tem laudo, não tem nada — observa Farias, referindo-se aos laudos periciais.
Na quarta-feira (9), deve ficar pronto o laudo da necropsia, que aponta a causa da morte. Já em relação ao laudo da balística — que vai analisar o projétil que atingiu e matou o inspetor — não há data para ficar pronto. Farias observa que, até o momento, desconhece o calibre do bala que atingiu o policial, o que deve ser apontado pela perícia.
"Precipitado", avalia corregedor
O corregedor da Polícia Civil, delegado Marcos Meirelles, observou que decisão da transferência da investigação para a Cogepol é do delegado responsável pelo caso.
— Se essa suspeita que, por enquanto para nós é uma suspeita apenas, se essa suspeita se confirmar, provavelmente a gente vai trabalhar com a investigação, por enquanto é uma especulação, uma suspeita que não é suficiente ainda para trazer inquérito para cá para a corregedoria — explica Meirelles.
O corregedor salienta que, por enquanto, é precipitado pedir que seja encaminhado o inquérito para a Cogepol:
— Se em algum momento se identifica que não é só suspeita e que há indícios concretos que houve "fogo amigo" aí ele (o delegado regional) deve entrar em contato conosco para passar a situação e a gente estudar junto uma forma, ou avocar o inquérito ou auxiliar na conclusão do inquérito dele, participar, acompanhar a investigação.
Polícia suspende buscas
Na última sexta-feira (4), a polícia suspendeu as buscas aos dois criminosos — Valmir Ramos, de 41 anos, o Bilinha, e Paulo Ademir de Moura, o "Zoreia", 38 anos —, que teriam disparado contra os policiais. A mobilização na região chegou a contar com mais de 100 agentes da Polícia Civil, além de helicópteros e dezenas de viaturas. Segundo o delegado regional, o foco agora é a apuração de denúncias de pessoas anônimas para tentar identificar o paradeiro da dupla. Com isso, é possível fazer uma atuação mais próxima.
— Nós recebemos algumas denúncias via 0800, de relações que ele (Bilinha) tinha em Pareci Novo, e a partir daí nós estamos checando essas informações para ver o que é real, se ele esteve realmente em Pareci, o que ele fazia, qual é a rotina dele — explica Farias.
A polícia já conseguiu apurar que Bilinha conhecia bem a região, o que pode ter facilitado na hora da fuga.
— Pelo que nos informaram, ele tinha aquela propriedade há dois, três anos — detalha o delegado.