A Polícia Civil de São José desmontou uma quadrilha que explorava travestis e garotas de programa na Grande Florianópolis. O líder do bando foi preso na semana passada e nesta quarta-feira a polícia cumpriu oito mandados de busca e apreensão. Foram apreendidos extratos bancários, cartas e celulares. As informações são do colunista Diogo Vargas.
A quadrilha cobrava R$ 100 de diária dos travestis e das garotas de programas como permissão para que ficassem em pontos de prostituição de São José, Biguaçu e Florianópolis, segundo a Polícia Civil.
De acordo com o delegado da Divisão de Investigação Criminal (DIC) de São José, Manoel Job Galeno, o homem que teve a prisão preventiva decretada recrutava alvos de várias partes do Brasil por meio de um perfil em uma rede social na internet.
— As vítimas vinham principalmente do Norte do país para trabalhar aqui. Chegando, ele alugava kitinetes no bairro Forquilhinha por valor caro, cobrava a diária de R$ 100 pelo ponto, obrigava elas a comprar produtos e mercadorias por preços superfaturados e distribuía drogas — ilustrou o delegado.
A organização criminosa seria formada por quatro homens (dois foram presos) e teria lucrado com a exploração sexual de cerca de 25 pessoas — era cobrado um percentual dos programas sexuais, além da diária pelo ponto.
— Faziam ameaças com armas. Uma travesti chegou a ter o rosto desfigurado com uma faca — ressaltou o policial.
A DIC de Sâo José ainda tenta ouvir as vítimas, mas afirma ter dificuldades em razão do medo delas em sofrer represálias. O inquérito por diversos crimes será enviado à Justiça de São José nos próximos dias. Houve apoio na ação desta quarta-feira de delegacias de São José e da Central de Investigações do Continente.
Crime recorrente em SC
A chamada cafetinagem de pessoas que lucram dinheiro com a atividade de profissionais do sexo é crime. No passado já houve várias operações policiais na Grande Florianópolis e no litoral Norte para coibir esse tipo de delito.
Em 2016, em Balneário Camboriú, travestis relataram à polícia que eram obrigados a pagar pedágio de até R$ 200 por dia para ter a permissão de trabalhar na rua em busca de clientes. Quem se negasse era espancado, apedrejado ou até esfaqueado, desvendou na época apuração da Polícia Civil local.