Um policial militar que era investigado por agredir vizinhos na zona sul de Porto Alegre virou réu por tentativa de homicídio. O Ministério Público denunciou Cristian Carlos Kullmann por cinco tentativas de homicídio duplamente qualificadas, por motivo torpe e por recurso que dificultou a defesa das vítimas, além de abuso de autoridade.
A Justiça aceitou a denúncia na última semana e, agora, decidirá se o policial vai ou não a júri. O soldado do 9° BPM está detido desde janeiro deste ano no Batalhão de Polícia de Guarda.
Segundo a denúncia do MP, Kullmann agrediu cinco vizinhos na rua onde mora, no bairro Vila Nova, em uma noite de dezembro do ano passado. Ele teria desferido coronhadas e tiros contra as vítimas.
A denúncia aponta ainda que Kullmann teria ouvido gritos e, pensando que uma das vítimas se tratava de um traficante, agrediu um homem que estava na rua. Na sequência, atacou outros vizinhos, sem motivo aparente, afirmando que era policial. No entendimento do MP, isso configura abuso de autoridade.
Em dezembro, um morador do bairro Vila Nova fez uma publicação em sua página no Facebook com imagens das agressões. Com isso, o Comando de Policiamento da Capital (CPC) abriu procedimento para investigar o soldado. Na época, o morador contou à reportagem que o policial teria agredido a irmã, o cunhado e o pai dele, de 68 anos, sem motivo.
Ao aceitar a denúncia, a juíza Cristiane Busatto Zardo afirmou que há prova de materialidade e indícios suficientes de autoria e negou o pedido de revogação da prisão preventiva. Na decisão, a magistrada cita que as vítimas são todas vizinhas de rua ou de bairro do acusado e que há informações nos autos do processo de que o réu tenha “ameaçado alguns dos ofendidos de retaliação, caso procurassem a polícia, inclusive com ameaças de morte”.
A juíza destacou também que há informações de que o policial tenha o hábito de ingerir bebidas alcoólicas e efetuar disparos de arma de fogo para cima, “pondo em risco, portanto, não só a instrução criminal e a integridade física das vítimas, mas também de uma comunidade inteira”.
O advogado do PM, Ricardo Cantergi, informou que ainda não teve acesso à denúncia e que, portanto, não pode se manifestar.
O coronel Jefferson de Barros Jacques, comandante de Policiamento da Capital, informou que está sendo feito um processo administrativo que poderá resultar em processo de demissão do soldado. A investigação busca verificar a conduta do PM, que estava de folga quando teria cometido os crimes, e identificar se ele tem condições de permanecer na corporação. O processo administrativo não depende do processo na Justiça.