A Polícia Civil e a Brigada Militar instauraram inquéritos para apurar a conduta dos policiais militares na ocorrência que resultou na morte de dois suspeitos após perseguição a um carro roubado no bairro Camaquã, na zona sul de Porto Alegre, na madrugada desta quinta-feira (26). As armas dos quatro brigadianos foram recolhidas pelo 1º Batalhão de Polícia Militar (1º BPM) para investigação.
Pela Polícia Civil, quem investigará é a delegada Elisa Souza, da 6ª Delegacia de Homicídios. Ela afirma que ainda não tem detalhes do caso, e que vai apurar se houve disparos por parte dos suspeitos – os PMs afirmam que eles estavam com uma arma verdadeira, que foi descartada durante a fuga. Pela BM, um oficial do 1º BPM será designado para o caso.
O comandante do 1º BPM, tenente-coronel Mario Augusto Ferreira, avalia que não vê ato irregular na conduta dos seus subordinados. Segundo os PMs, os disparos foram feitos "para cessar a injusta agressão", que foi a intimidação com uso de uma arma de brinquedo.
— O delinquente tem que saber que a polícia não usa arma de brinquedo. Se ele usou um simulacro, problema é dele — afirma o oficial.
Ferreira afirma também que a vítima do roubo identificou a dupla como sendo autora do crime e garantiu que havia outras armas com eles. Os policiais envolvidos na ocorrência foram ouvidos e não serão afastados de suas funções.
O fato
De acordo com o relato dos PMs, dois suspeitos estavam em um Onix roubado e vinham sendo monitorados por uma viatura discreta. Eles teriam desobedecido a ordens de parada dadas pela guarnição na Rua Campos Velho. Com o apoio de outra viatura, esta com o logotipo da Brigada Militar, a perseguição durou cerca de 30 minutos e se estendeu por várias ruas da Zona Sul.
No cruzamento da Rua Doutor Pereira Neto com a Rua Vitor Silva, os suspeitos pararam o carro. Os PMs alegam que o homem que estava na carona desceu do carro com a arma de brinquedo na mão e apontou contra a guarnição, que reagiu e o matou, assim como o motorista do veículo. A dupla foi identificada como Eduardo Dias Corrêa, 20 anos, e Gabriel Marques Fernandez, 22.
Os PMs afirmam que somente depois de atirarem verificaram que a arma era falsa. Os policiais militares alegam que uma outra arma, esta verdadeira, foi atirada pela dupla pela janela do carro. Esta arma, no entanto, não foi encontrada. Também não há confirmação de que os suspeitos tenham efetuado disparos.
O carro roubado foi atingido por vários tiros, que quebraram os vidros laterais e traseiro. O veículo ficou parado na rua das 3h30min até pouco antes das 7h, quando foi recolhido.