A Polícia Civil acredita que as armas apreendidas após o ataque ao carro-forte em Bento Gonçalves, na manhã de terça-feira (6), são fundamentais para esclarecer diversos assaltos semelhantes no Estado. As forças policiais conseguiram recuperar R$ 828 mil que foram retirados do cofre do blindado da Brinks. No total, o carro-forte transportava cerca de R$ 950 mil, sendo que R$ 122 mil foram levados pelos outros ladrões que escaparam do cerco na região. No total, oito bandidos teriam participado da ação, sendo que três deles foram presos em Monte Belo do Sul. As buscas aos demais criminosos prosseguem na região.
Além da metralhadora de calibre .50, o Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) solicitou perícias nos fuzis 7,62 e 5,56 que, acredita-se, podem ter sido utilizados em outros ataques a agências bancárias no ano passado. O número de ataques com uso de explosivos contra bancos em 2017 foi o maior dos últimos sete anos no Estado.
Entre os casos que podem ter um desfecho, estão os dois ataques a carro-forte na Serra no ano passado. Os assaltos na BR-116 em Vacaria e Caxias do Sul, em 3 de março e 8 de maio, respectivamente, também tiveram a utilização da metralhadora capaz de derrubar aviões.
— A principal semelhança é a arma .50. Não podemos confirmar neste momento, mas é muito provável que se trate da mesma arma, pois o modo de ação foi o mesmo. Estávamos com investigações em andamento e suspeitos já elencados. Agora, precisamos analisar e comparar os fatos — ressalta o delegado Joel Wagner, da Delegacia de Repressão a Roubos do Deic.
Relação com crimes no Paraná
Uma metralhadora .50 semelhante a que foi apreendida em Monte Belo do Sul também foi vista em crimes recentes no Paraná. Já estava sendo cogitada a participação de gaúchos nos casos daquele Estado. Como é improvável que existam muitas armas deste porte circulando clandestinamente, os investigadores devem relacionar os casos.
— Primeiro, precisamos fazer as perícias nesta arma, inclusive com a comparação de materiais apreendidos em outros casos. A Polícia do Paraná deve ter interesse também nesta troca de informações — complementa o delegado Wagner, que exalta a quantidade de provas que resultaram da operação entre Brigada Militar (BM), Polícia Civil e Polícia Rodoviária Federal (PRF) em Bento Gonçalves na terça-feira.
— Foi uma ação muito positiva (para a polícia). Conseguimos evitar o sucesso da empreitada, recuperar quase a totalidade do dinheiro e apreender todo este armamento. Esta ação conjunta coletou diversas provas que podem levar a outras identificações e até a nomes diferentes dos que já temos nos outros inquéritos — conclui.
Preso matou comerciante
Dos três presos na terça-feira em Monte Belo do Sul, um deles é velho conhecido do Deic: Fernando Toledo Bastos, 38 anos, conhecido como Nando ou Gringo. Natural de Porto Alegre, o criminoso é da quadrilha de Enivaldo Farias, o Cafuringa, apontado como um dos maiores assaltantes de banco do Estado. Em 2005, Nando participou de uma ofensiva criminosa para resgatar Cafuringa de um micro-ônibus da Susepe. Houve troca de tiros e um agente penitenciário foi morto.
Na manhã do dia 2 de março de 2009, quando estava foragido do Instituto Penal de Viamão, Nando participou de um malsucedido ataque que causou pânico e morte na área central de Garibaldi. Ao lado de um comparsa, o assaltante invadiu a agência da Caixa Econômica Federal para roubar um malote de dinheiro que era entregue pela Prosegur. Os seguranças da empresa reagiram a tiros. Outros três criminosos que estavam do lado de fora da agência, sendo um deles com uma submetralhadora, participaram do tiroteio.
Após atingir um dos seguranças do carro-forte, Nando arrastou o homem ferido pela Avenida Rio Branco e buscou abrigo em uma papelaria. O comerciante Tarcísio Wolfart, 55, reagiu e foi baleado. Bastos permaneceu com duas reféns por 20 minutos e só aceitou se render quando um advogado chegou ao local. Wolfart foi socorrido, mas morreu no hospital.
Conforme o Tribunal de Justiça, Nando foi condenado a 44 anos de prisão por homicídio, latrocínio e porte de arma. Ele ainda precisa cumprir 23 anos, 11 meses e cinco dias de pena. Os motivos para a progressão de regime não foram informados.
Os outros presos após o assalto ao carro-forte em Bento Gonçalves são Luigi Pereira da Silva, 20, e Marcelo Veloso da Silveira, 35.