Os três homens presos após o ataque ao carro-forte na BR-470, em Bento Gonçalves, no final da manhã de terça-feira (6) não pertencem a grupos criminosos conhecidos e investigados pelo Departamento Estadual de Investigações Criminais do Estado (DEIC). Marcelo Veloso da Silveira, Luigi Pereira da Silva e Fernando Toledo Bastos não foram reconhecidos em outros ataques recentes. Outros cinco que participaram do roubo seguem sendo procurados em um cerco que dura mais de 24 horas.
Do trio preso pelas forças policiais, apenas Fernando, conhecido como Nando, tem antecedentes envolvendo ataques a bancos. Ele ficou preso por dez anos, mas foi beneficiado com progressão para o regime semiaberto em novembro de 2017. Para os delegados da Delegacia de Roubos do DEIC, é o mais experiente do grupo e que pode ter algum tipo de relação com outros criminosos conhecidos por ataques.
— Quando se olha os três presos, não se percebe a vinculação deles em fatos mais recentes. Na verdade, um deles (Fernando) tem antecedentes significativos contra instituições bancárias, especialmente. Existe, quando se olha o perfil dele, com outros criminosos, que daí sim possuem antecedentes de roubo a carro-forte — explica o delegado João Paulo de Abreu.
Antes de ser preso, Nando pertencia à quadrilha de Enivaldo Farias, conhecido como Cafuringa, e apontado como um dos maiores assaltantes de banco do país. Em 2005, Nando participou de uma ofensiva criminosa para resgatar Cafuringa de um micro-ônibus da Susepe. Houve troca de tiros e um agente penitenciário foi morto. Na manhã do dia 2 de março de 2009, quando estava foragido do Instituto Penal de Viamão, Nando participou de um malsucedido ataque que causou pânico e morte na área central de Garibaldi.
Fernando ainda esteve preso na Penitenciária de Alta Segurança de Charqueadas (PASC) na mesma galeria do bandido Seco, conhecido por ataques a carros-fortes no ano 2000, usando caminhões. No entanto, não é possível afirmar uma possível relação entre os dois.
— É preliminar ainda dizer que essa vinculação com criminosos notórios, que se relacionaram com roubo a carro-forte anos atrás possui relação com o fato de agora — completa o delegado.
Além disso, o modus operandi do grupo também é relativamente novo no Rio Grande do Sul. Ataques com a metralhadora .50, armamento pesado utilizado apenas pelas Forças Armadas, foram identificados em apenas dois casos, também recentes em março e maio de 2017.
— Nos chamou atenção, por óbvio, que aqui no Rio Grande do Sul nós tínhamos uma .50 na mão de criminosos, que estavam fazendo esses roubos — disse o delegado Joel Wagner.
Foi a primeira vez que uma arma desse tipo foi apreendida no Estado. Capaz de perfurar blindados e até mesmo derrubar aeronaves, a metralhadora foi utilizada para parar o carro-forte, com um tiro no motor. Além disso, um disparo atingiu a cabine e passou perto dos vigilantes. O próximo passo é descobrir a origem do armamento. O Exército Brasileiro já declarou que nenhuma .50 do arsenal está desaparecida, por isso existe a suspeita de que seja das Forças Armadas de algum país Latino.
Origem das armas
Os delegados ainda tentam descobrir como o grupo teve acesso à metralhadora, que não possui valor estimado, por não ser um equipamento colocado à venda. A principal hipótese é de um aluguel de uma facção criminosa, ou até mesmo uma espécie de consórcio, em que a arma é "emprestada" e o dono recebe uma parcela do valor roubado.