O Carnaval de 2018 foi o menos violento dos últimos sete anos em Porto Alegre e Região Metropolitana. Com 18 homicídios, teve o menor número desde 2011, quando foram registradas 19 mortes, conforme levantamento da editoria de Segurança de Zero Hora e Diário Gaúcho.
Em relação ao mesmo período do ano passado, a queda foi de 47%, quando 34 pessoas foram mortas. Para o levantamento, foi utilizado o período que se iniciou na sexta-feira e vai até o final da terça-feira.
O cenário também é positivo quando comparado a 2016, ano em que os 19 municípios monitorados viram o índice bater recorde histórico, com 46 mortes. Se comparado a esse ano, em que esquartejamentos, decapitações e chacinas eram quase rotina devido à guerra de facções, o índice cai 61%.
Para o delegado Gabriel Bicca, diretor de Investigações do Departamento de Homicídios da Capital, medidas foram tomadas após a onda de violência daquele ano – apenas Porto Alegre teve pelo menos 778 assassinatos – e os crimes violentos começaram a apresentar queda:
— Desde o ano passado, a gente nota redução nos números. Janeiro de 2017 ainda chegou com resquício de 2016, com índice disparado de mortes, quando teve um final de semana histórico, mas, a partir de março, as coisas foram mudando. O departamento teve um ano bom em termos de prisões. Conseguir uma prisão já é um trabalho árduo, e a maioria delas foi por homicídios — aponta.
Segundo Bicca, a queda nos assassinatos comprova o esforço coletivo dos órgãos de segurança:
— Nunca se dedicou tanto, apesar de todas as dificuldades conhecidas. Quanto maior o grau de violência, maior a dificuldade de se obter DNA e provas policiais. Esse número é resultado de um trabalho que a gente vem fazendo e é uma tendência que esperamos que dure o ano todo.
Enquanto a Capital manteve estável o número de homicídios nos últimos dois carnavais – oito em cada ano –, a Região Metropolitana apresenta queda brusca. Segundo o comandante de Policiamento Metropolitano da BM, tenente-coronel Vanderlei Padilha, o principal desafio é frear a disputa territorial nas cidades do entorno de Porto Alegre, que enfrentam guerra de traficantes.
— Perdemos para os homicídios. Isso tem a ver com a questão territorial, que influencia muito. O que temos feito minimiza pouco. Temos ações como a Operação Avante em todos os municípios, barreiras, apreensões e estudo de movimentações — afirma.
Outro fator levado em conta pelo oficial é a quantidade de pessoas que passaram pelo sistema prisional e voltaram a ser abordadas em outras situações.
— O maior problema é a quantidade de delinquentes nas ruas que já foi presa — conclui.
Produção: Camila Viegas