A Polícia Civil afirma que Rafael Oliveira de Azambuja, o "Seco", 29 anos, é o líder da quadrilha que atacou um carro-forte e amarrou falsas bombas relógio na cintura de vigilantes na tarde de quinta-feira (11), no bairro Anchieta, na zona norte de Porto Alegre. A descoberta de que ele coordenou o ataque não surpreende os policiais da Delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic). Ele havia sido preso em 2013.
Na época de sua prisão, os policiais afirmaram que "Seco" era um dos sucessores de Enivaldo Farias, o "Cafuringa", considerado um dos maiores assaltantes de banco da época, com atuação no Rio Grande do Sul e Santa Catarina. Ele foi preso com Jairon Rodrigo Marins da Silva na Avenida Baltazar de Oliveira Garcia, na Zona Norte. A operação para prisão da dupla contou com cumprimentos de mandados em casas no bairro parque dos Anjos, em Gravataí.
O delegado Joel Wagner, que ainda atua na Delegacia de Roubos, resumiu a forma da quadrilha atuar.
— Agiam com "elegância". Arquitetavam e executavam as ações de modo que não chamasse a atenção da polícia. Não saíam atirando nas vidraças nem usavam marretas. Muito menos explosivos — cita Wagner.
Azambuja ficou preso quatro anos. Em julho de 2017, deixou a Colônia Penal Agrícola de Charqueadas em uma saída de rotina e nunca mais voltou. Após isso, a Delegacia de Roubos voltou a investigá-lo.
No dia 3 de novembro de 2017, a Polícia Civil afirma que Seco participou do assalto ao banco Banrisul da Avenida França, na zona norte de Porto Alegre. Há um mandado de prisão em aberto contra ele por esse crime. Testemunhas relataram que pelo menos oito assaltantes teriam participado da ação. Quatro deles renderam os funcionários, e o restante ficou do lado de fora.
Dez dias depois, o criminoso teria agido novamente, dessa vez em um shopping. Dois bandidos roubaram a lotérica no segundo andar do Bourbon Shopping, na Avenida Ipiranga, em Porto Alegre, por volta de 8h30min. Conforme a Polícia Civil, a dupla rendeu dois clientes e alguns funcionários e fugiu com o dinheiro do cofre.
A ação foi flagrada por câmeras de segurança do shopping. Nas imagens, segundo a polícia, os bandidos usam óculos escuros e agem de maneira rápida. Há uma desconfiança dos agentes de que, após o roubo, eles tenham entrado em algum carro no estacionamento – que tem entrada no mesmo andar.
O apelido, "Seco", é idêntico ao de outro conhecido bandido, José Carlos Santos, condenado a mais de 200 anos por roubos a carro-forte. Apesar da mesma alcunha, a polícia não vê relação entre os dois.
Azambuja é natural de Porto Alegre, mas conhece bem a Região Metropolitana. Conforme o delegado João Paulo Abreu, a área de atuação é entre a zona norte da Capital e a cidade de Canoas.
Investigação do ataque mais recente
Nesta sexta-feira (12), policiais do Deic procuram imagens de câmeras de segurança e seguem a investigação sobre o crime. Eles afirmam que já possuem a identificação parcial de um segundo criminosos dos cinco que integraram a quadrilha.
— Temos uma pessoa já identificada, com certeza absoluta ("Seco"). Outra ainda pende de confirmação. Diversas informações foram coletadas e estão sendo confirmadas pelas equipes de investigação — diz Abreu.
O delegado acredita ser pouco provável a relação da quadrilha de quinta com Cláudio Adriano Ribeiro, o "Papagaio", que já foi considerado um dos principais bandidos gaúchos e que fugiu do semiaberto também em 2017. No entanto, todas as possibilidades serão investigadas.
Assalto programado
Dois vigilantes da empresa STV foram rendidos por criminosos armados no início da tarde desta quinta-feira (11), na zona norte de Porto Alegre. No ataque, que ocorreu nas imediações da transportadora de valores, as vítimas tiveram artefatos (supostamente explosivos) amarrados à barriga.
Os vigilantes foram obrigados a ingressar na empresa e sair com um carro-forte. Por volta das 15h30min, os assaltantes renderam outros dois vigilantes, que estavam no blindado com os homens que tinham supostas bombas junto ao corpo.
Os criminosos levaram as vítimas para a Travessa Arno Philip, no bairro Anchieta, a cerca de 400 metros da transportadora, onde havia um caminhão bloqueando a rua. O blindado foi parado. O dinheiro transportado, que estaria em malotes, foi levado pelo bando armado, que estava uma SUV.
No caminho, os criminosos retiraram a suposta bomba de um dos vigilantes. Por volta das 17h, os ladrões largaram dois vigilantes na Avenida Severo Dullius, nas proximidades do aeroporto Salgado Filho — um deles com a suposta bomba. Pouco tempo depois, os outros dois foram libertados em Canoas.
O Grupo de Ações Táticas (Gate) foi acionado e retirou o falso explosivo do refém.