A Polícia Civil decidiu indiciar por tentativa de homicídio a funcionária da creche presa por sacudir e pressionar a cabeça de uma criança de dois anos com um travesseiro em uma creche de São Sebastião do Caí, no Vale do Caí. A jovem de 23 anos foi flagrada por imagens de câmeras de segurança, entregues pela diretora da creche, e está presa desde o dia 12 de janeiro.
O delegado Marcos Eduardo Pepe diz que poderia indiciá-la por um crime com pena menor, como tortura, mas decidiu pela tentativa de homicídio com dolo eventual por entender que ela assumiu o risco de causar um dano maior à vítima.
— Nem tanto pela intenção dela, que a priori não era de matar, mas sim por assumir o risco do resultado morte com a conduta dela. (Ela) Não ligou muito para as consequências — afirma.
A pena máxima de prisão pelo crime pode chegar até 12 anos, segundo o delegado. A presa, que estava na Penitenciária Modulada de Montenegro, teve de ser transferida, recentemente, por estar sendo ameaçada por outras detentas.
Além da funcionária, a polícia ainda investiga a diretora da creche e um técnico em informática. Os dois chegaram a ser presos acusados de apagarem filmagens do circuito interno da creche, mas foram soltos após decisão judicial, na última terça-feira (16). A polícia considera fundamental a obtenção das imagens. A funcionária presa informou aos investigadores que outras irregularidades acontecem na instituição e, por isso, os policiais querem olhar os vídeos. Um disco HD de computador foi enviado para o Instituto Geral de Perícias (IGP) para tentar recuperar arquivos.
— Acreditamos que há mais coisas nas imagens e bem perturbadoras. Temos relatos graves. Chegaram mais pais na delegacia, inclusive, ontem, registraram o que inicialmente seria um acidente, um corte na cabeça da criança, que teve de fazer sutura — diz o delegado, que investigará as denúncias.
A diretora e o técnico devem ser indiciados por fraude processual. O inquérito será entregue até o final de semana ao Judiciário. A polícia afirma que a investigação prossegue. Se houver confirmação de mais atos violentos, outros crimes podem ser atribuídos aos suspeitos e mais pessoas denunciadas.