A diretora de uma creche particular em São Sebastião do Caí, no Vale do Caí, onde uma funcionária foi detida após agredir uma criança, teria mandado apagar imagens do circuito interno de videomonitoramento da unidade. A polícia havia solicitado os registros para avançar nas investigações.
Segundo o delegado da Polícia Civil Marcos Eduardo Pepe, responsável pelo caso, a coordenadora teria oferecido R$ 50 a um técnico de informática para que ele apagasse os registros da memória de um dos computadores da instituição de ensino. Ambos foram presos em flagrante por fraude processual, na segunda-feira (15), e encaminhados para a Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, que também conta com anexo feminino. Os dois foram soltos na tarde desta terça-feira (16) após decisão judicial.
Na última quarta-feira (10), um vídeo flagrou uma monitora educacional pressionando um travesseiro sobre o rosto de uma menina de dois anos. Um dia depois, na quinta-feira (11), a diretora do estabelecimento registrou o caso na Delegacia de Polícia de São Sebastião do Caí, entregando apenas o trecho da filmagem que mostra a agressão. A funcionária denunciada foi presa, na sexta-feira (12), suspeita de tentativa de homicídio por asfixia, e encaminhada à Penitenciária Modulada Estadual de Montenegro, onde segue detida.
Ainda na sexta, o delegado pediu à diretora da instituição todos os registros salvos na memória do circuito de videomonitoramento da creche. A mulher se prontificou em entregar o material na segunda-feira (15). Na data, pela manhã, agentes da Polícia Civil foram até o estabelecimento, mas a diretora informou que só cederia as imagens após apresentação de ordem judicial.
Após negociação com os policiais, ela concordou em disponibilizar os registros após o meio-dia, com um profissional extraindo os arquivos na presença da polícia e da direção da unidade de ensino. No entanto, segundo a polícia, a diretora acionou um "técnico em informática de sua confiança" para apagar as imagens nesse meio tempo.
Um profissional destacado pela Polícia Civil analisou o dispositivo e constatou que o mesmo foi formatado. Segundo o delegado, a diretora afirmou aos investigadores que apenas solicitou que o técnico particular extraísse a memória do computador, mas que o homem apagou as imagens por conta própria. De acordo com a polícia, o técnico disse que a mulher lhe ofereceu R$ 50 para apagar todos os registros, mas que ele não tinha conhecimento sobre o conteúdo excluído. No entendimento do responsável pela investigação, a suspeita queria se livrar de conteúdos comprometedores.
— A monitora presa disse que o episódio não se tratava de um caso isolado e que tinham mais coisas nas imagens. A gente pediu todas as imagens. Acho que ela não esperava esse pedido, porque ela entregou só o que ela queria. Talvez tivesse alguma coisa comprometedora em relação a ela ou algo assim — comentou.
Agora, o delegado pretende ouvir mais testemunhas para finalizar o inquérito entre o fim dessa semana e o início da semana que vem. O HD formatado foi encaminhado ao Instituto Geral de Perícias (IGP), em Porto Alegre, que vai tentar recuperar os arquivos.
O responsável pelas investigações informou que, em 2017, uma mãe que deixava seu filho na creche registrou ocorrência contra a instituição após ver seu filho ser empurrado por uma das funcionárias. O caso acabou com a assinatura de um termo circunstanciado – quando o caso é de menor gravidade.