A Polícia Civil encontrou, nesta sexta-feira (5), o carro utilizado para transportar o corpo esquartejado do promotor de vendas Jonathan Rafael Maria, 31 anos, morto após uma desavença com um amigo que lhe devia dinheiro. Delegada responsável pelo caso, Elisa Souza, titular da 6ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre (DHPP), afirmou que o veículo estava em uma lavagem no centro de Santa Cruz do Sul, no Vale do Rio Pardo. Os restos mortais de Jonathan foram encontrados carbonizados, no dia 1º, às margens da BR-290, em Eldorado do Sul, na Região Metropolitana.
No Up, de propriedade do suspeito, Victor Batista Ferraz, 31 anos, foram encontrados escorrimentos e manchas que podem ser de sangue humano, mas em pequena quantidade. A perícia fará testes com luminol, que encontra vestígios de sangue ocultos ou invisíveis a olho nu, no automóvel, que foi enviado ao Departamento de Criminalística, do Instituto Geral de Perícias (IGP). Segundo a delegada, o carro apresentava um odor forte em seu interior.
O suspeito está preso preventivamente desde quarta-feira (3), quando se apresentou à polícia. Chorando muito, ele preferiu não prestar depoimento. A delegada afirma que Victor não está disposto a dar testemunho sobre o caso.
A titular da 6ª DHPP disse que o advogado de Victor informou o endereço de um local onde o carro do suspeito estaria em Santa Cruz do Sul. O estabelecimento presta serviços ligados ao Detran, como troca de placas veiculares. Ao chegar no local, a delegada não encontrou o carro. O proprietário da empresa disse que lembrava de Ferraz e afirmou que o suspeito queria trocar as placas do automóvel, no final da manhã do dia 3, o que não foi possível, pois foi exigido um registro de ocorrência para fazer o serviço. Com a recusa, Ferraz disse que chamaria um guincho.
Após colher o depoimento dos funcionários deste estabelecimento, a equipe policial liderada pela delegada circulou pelo centro da cidade até encontrar o veículo no estacionamento. O dono da empresa confirmou que Victor deixou o veículo no local na terça-feira (3) e nunca mais voltou para buscá-lo.
— Dentro do veículo, nós encontramos um recibo de hotel. Nos deslocamos até esse local, que fica no centro de Santa Cruz do Sul, e descobrimos que ele passou a noite do dia 2 para o dia 3 nesse hotel. Dois funcionários conheceram o Victor, mas afirmaram que ele deu um nome falso, dizendo que se chamava Rodrigo.
A delegada afirma que todas essas informações sobre a estadia de Victor em Santa Cruz corroboram com a dinâmica do crime.
Morto por disparo de arma de fogo
A perícia ainda não concluiu o laudo sobre a morte de Jonathan, mas detalhes fornecidos pela delegada responsável pelo caso ajudam a esclarecer a dinâmica do crime. A vítima foi morta e esquartejada na casa que pertence a um tio de Victor que havia viajado para o Litoral Norte durante as festas de fim de ano. A residência é localizada no bairro Tristeza.
Segundo Elisa, informações preliminares de peritos apontam que Jonathan foi morto com dois disparos de arma de fogo, provavelmente de uma espingarda de caça. Um dos tiros atingiu a região da orelha direita e o outro o peito do promotor de vendas conhecido por familiares como "Gigante", por causa dos seus 2 metros de altura e 140 quilos. A arma usada no crime pode ser uma espingarda calibre 12 que pertence ao tio de Victor e que sumiu da casa.
— Os proprietários perceberam que essa arma não está mais ali. Isso fecha com o que os médicos legistas nos informaram. Eles encontram balins de chumbo (que ficam dentro de estojos de armas de caça) no cadáver, dentro do crânio e no peito — explicou Elisa.
Jonathan teria sido morto na parte superior da casa e arrastado até a garagem com o auxílio de um lençol, que teria facilitado no manejo do corpo. Na garagem, o suspeito teria esquartejado a vítima. Segundo a delegada, os cortes feitos no corpo de Jonathan demonstram certa precisão, pois não eram irregulares e foram feitos de uma maneira que facilitou o desmembramento das partes.
Na residência, foi encontrado o pedaço de um dedo de Jonathan. Perícia feita com o auxílio de luminol indicou vestígios de sangue nas paredes e no piso do imóvel.
A delegada também destacou que imagens mostram o suspeito comprando gasolina em um posto às margens da BR-290, no dia 1º, próximo ao local onde foi encontrado o corpo de Jonathan.
Elisa espera concluir o inquérito sobre o caso até a próxima quinta-feira (11). Para a titular da 6ª DHPP, não restam dúvidas de que Victor é o responsável pela morte de Jonathan. Ela salientou que as informações colhidas até o momento na investigação indicam que o suspeito agiu sozinho tanto na morte quanto na desova do corpo:
— A gente vai colher o máximo de provas. Tenho absoluta certeza que foi ele (Victor) que matou o Jonathan dessa forma terrível e cruel.