O centro de Butiá, na Região Carbonífera, amanheceu com estilhaços de vidros espalhados pelo chão, veículos com perfurações de fuzil, marcas de tiros por paredes, viaturas da polícia com sirenes ligadas e moradores apavorados com o que aconteceu na madrugada.
Eram 2h quando pelo menos 10 homens armados com fuzis e encapuzados chegaram à agência do Banco do Brasil, no centro da cidade. Eles desceram de carros e se dirigiram à agência. Alguns jovens que estavam na praça da cidade tentaram fugir. Dois deles foram atingidos. Pâmela Flores, 23 anos, estava passando de carro com uma amiga. O tiro de fuzil disparado por um dos assaltantes furou uma das portas do veículo e atingiu os joelhos dela. A vítima foi levada para o Hospital de Pronto Socorro em Porto Alegre. Outro jovem, que não teve o nome divulgado, também foi ferido de raspão e passa bem.
A Brigada Militar foi chamada. Os únicos dois PMs que faziam o patrulhamento foram ao local pensando se tratar de uma briga. Foram recebidos a tiros e tiveram de voltar à viatura e buscar armas de calibre mais pesado.
Dentro da agência, integrantes da quadrilha colocaram dinamite e explodiram caixas da agência. Só que o sistema de segurança do banco que mancha de tinta as cédulas fez com que os assaltantes optassem por ir em direção a outros dois alvos: uma agência do Banrisul e outra da Caixa Econômica Federal.
No Banrisul, que fica a poucos metros do posto da BM, todos os caixas eletrônicos foram explodidos. Na Caixa, vizinha ao Banrisul, parte do grupo tentou invadir o local para explodir, mas desistiu, pois o sistema de segurança que lança uma forte fumaça preta quando o banco é atacado entrou em funcionamento.
Enquanto os assaltantes agiam, outros criminosos se posicionaram atrás de carros e começaram a atirar contra o posto da Brigada Militar. As marcas do tiros estão nas paredes. O tenente Maurício Abraão conta que foram pelo menos 10 minutos de muita tensão.
— Estavam a poucos metros e atirando a esmo contra o posto. Inicialmente, a gente se protegeu pois não conseguia ver de onde vinham os tiros. Algumas pessoas passavam gritando e pedindo socorro no meio do fogo cruzado. Conseguimos abrir a porta e quatro delas entraram. Felizmente ninguém ficou ferido gravemente — disse.
Um dos policiais que estavam dentro do posto teve escoriações pelos estilhaços, mas passa bem. Do lado de fora, alguns veículos estacionados na rua também foram atingidos.
Os criminosos deixaram o local em quatros carros e em uma moto. O veículos usados seriam um Renegade, um Air Cross, um Gol, um Prisma, além da motocicleta. Eles teriam fugido para a área rural de Butiá.
O prefeito, Daniel Almeida, lamenta o ataque e diz que já havia solicitado mais policiais para o município, mas não obteve sucesso. O município de Butiá tem 21 mil habitantes e o efetivo da Brigada Militar na cidade é de apenas 12 brigadianos, que se dividem em turnos. No momento da ação, havia apenas três policiais trabalhando: dois na rua e um no posto.
— Vemos isso com muita indignação. Já havíamos feito pedidos para a Secretaria da Segurança Pública. Até agora, não fomos atendidos, lamentavelmente. Vamos ir mais uma vez junto com outros prefeitos da região reivindicar novos policiais para a cidade — destacou.
As equipes da delegacia de Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic) chegaram ao local dos ataques ainda na madrugada. O delegado João Abreu tenta identificar os responsáveis pelo crime. Os investigadores já tem suspeitos. Câmeras de segurança estão sendo analisadas, mas as imagens ainda não serão divulgadas. O delegado destaca as características do grupo.
— Eles são experientes. Acabaram se frustrando no primeiro ataque ao Banco do Brasil, mas migram para os outros bancos. São bem organizados e dispõem de armamento pesado, munição, explosivos. Nosso trabalho prossegue para tentar buscar indícios de autoria dos fatos — ressaltou.
Equipes da Instituto Geral de Perícias trabalham nos locais atacados desde as 8h. Pela manhã, Também estão sendo feitas as análises estruturais dos prédios que foram atingidos pelas explosões.