Após o primeiro dia de investigações, a polícia praticamente descarta a possibilidade de que o líder comunitário Leandro Altenir Ribeiro Ribas, 43 anos, morto a tiros no começo da noite de domingo (28), na Vila São Luís, no bairro Rubem Berta, zona norte de Porto Alegre, tenha sido uma vítima aleatória de traficantes que, há pelo menos duas semanas, teriam invadido a localidade. Conforme os investigadores da 5ª Delegacia de Homicídios de Porto Alegre, antes de ser executado, Ribas teria sido carregado pelos criminosos até um local ermo da vila, onde ocorreu o crime. A polícia suspeita que seriam matadores cumprindo a ordem de eliminar o homem que teria intimado traficantes após a tomada de casas dentro da vila.
Na noite de segunda-feira (29), os agentes do Departamento de Homicídios cumpriram diligências na zona norte em conjunto com a Brigada Militar, e apreenderam, no bairro Mario Quintana, um veículo, modelo Etios prata, que, acreditam os policiais, seria um dos carros usados pelos bandidos na noite de domingo. Agora, o automóvel será submetido a exames periciais na tentativa de identificar suspeitos. Ninguém foi preso na ação, já que os suspeitos conseguiram fugir em outro veículo. Os investigadores acreditam que o segundo carro também tenha sido usado no domingo.
Mais cedo, na segunda-feira, os agentes acompanharam a esposa do líder comunitário até a casa da família. Munições e um coldre foram encontrados dentro de um roupeiro. A polícia ainda não conseguiu esclarecer se, no momento em que foi morto, Leandro Ribas estava armado e teve a arma levada pelos traficantes. Testemunhas confirmam que o líder comunitário costumava andar armado pela vila.
Conforme familiares de Ribas já ouvidos pela polícia, fazia alguns dias que o ele não dormia mais na sua casa, na Vila São Luis. A alegação é de que o líder comunitário temia os tiroteios frequentes. Os investigadores apontam, no entanto, que ele possa ter sido ameaçado por tentar interferir na tomada de casas por uma facção criminosa que atua na região. Os traficantes estariam invadindo residências e expulsando moradores para controlar o tráfico de drogas no local. A hipótese mais concreta até o momento é de que Leandro Ribas teria resistido a essa ação.
Dias antes da morte do líder comunitário, um comerciante ficou ferido a tiros e um adolescente de 17 anos foi executado na mesma vila.