Às 3h30min de segunda-feira (4) partiu do Aeroporto Internacional de Guarulhos, em São Paulo, o voo que trazia uma família mato-grossense para passar férias em Gramado, na Serra. Na metade do caminho entre a cidade paulista e Porto Alegre, quando as luzes internas do avião estavam baixas, uma mãe diz ter percebido a mão de um homem sobre a coxa de sua filha de seis anos:
— Empurrei ele e perguntei o que ele estava fazendo. Ele se fez de desentendido, dizendo que não sabia o que estava acontecendo.
A mulher afirma que estava sentada na poltrona do corredor com o filho de dois anos no colo. Ao seu lado, no assento central, dormia sua filha. Na janela, estava o suspeito:
— Ele parecia uma pessoa muito séria. Passou por nós quieto e sentou. Não falou nada. Depois eu dormi e quando acordei vi ele com a mão na coxa da minha filha. Não foi uma mão que caiu, porque ele estava bem acordado.
A mãe alertou a tripulação sobre o fato que afirma ter testemunhado. Chegando ao Rio Grande do Sul, o comandante pediu que os passageiros permanecessem em seus lugares. Apenas a família - mãe, filha, filho, pai e uma sobrinha do casal - foi retirada da aeronave para prestar depoimento por volta das 5h. Em seguida, os demais passageiros foram liberados, e o homem, acompanhado até a Superintendência da Polícia Federal em Porto Alegre, onde também prestou depoimento. Ele teve a prisão em flagrante homologada por estupro de vulnerável, crime configurado por conjunção carnal ou prática de outro ato libidinoso com menor de 14 anos, conforme a lei 217-A.
— É inadmissível, lastimável. Não sei qual palavra usar para descrever minha tristeza. Me sinto mal por ter deixado ela do lado de um homem desses. A partir de hoje, vou tomar outras medidas para protegê-la. Ficamos até meio-dia na Polícia Federal. Nossa filha não sabia o que estava acontecendo e imaginou que tínhamos feito algo de errado e que seríamos presos — afirma a mãe.
O advogado do suspeito, Raul Linhares, argumenta que o caso não passa de uma confusão.
— Não houve nenhum tipo de ato libidinoso ou prática com conotação sexual — garante, sem entrar em detalhes.
Na tarde desta quarta-feira (6), a prefeitura de Porto Alegre anunciou a exoneração do suspeito, que exercia cargo em comissão (CC) na Secretaria Municipal de Cultura.
"A Prefeitura de Porto Alegre comunica a exoneração do servidor preso pela Polícia Federal na madrugada da última segunda-feira, 4", informa a prefeitura em nota.