O candidato a frade, preso por oferecer dinheiro em troca de sexo com adolescentes em Gravataí, era foragido de São Paulo pelo mesmo crime. O homem de 42 anos foi detido em 18 de novembro. De acordo com diretor da Delegacia Regional Metropolitana, Delegado Volnei Fagundes Marcelo, o inquérito foi concluído e remetido à Justiça.
- Ele era procurado em São Paulo pelo mesmo tipo de delito, abuso de adolescentes - afirma o delegado.
O homem foi condenado pela Justiça paulista a 10 anos e 2 meses de prisão. À polícia gaúcha, inicialmente, ele havia dito que se chamava Walter Frederico Garcez. O preso afirmava, também, que era da Romênia e era registrado no país como Nicolau Matescu. Testes feitos no Instituto-Geral de Perícias (IGP) confirmaram que ele é natural de Santos (SP) e não é registrado com esse nome.
Conforme o delegado Volnei, o nome verdadeiro do aspirante a frade é Walter Garcez Filho e ele usava a identidade do pai. Segundo o diretor do Departamento de Identificação do IGP, Guilherme Lopes, as impressões digitais do homem foram encontradas no banco de dados do Estado de São Paulo.
O aspirante a frade trabalhava como psicólogo em paróquias e escolas de Gravataí. A prisão ocorreu após denúncia da mãe de um adolescente de 16 anos. O filho dela mostrou mensagens do homem oferecendo dinheiro em troca de relações com o rapaz. Conforme a polícia, na conversa por meio de aplicativos, o homem sugeria que o irmão do adolescente, de seis meses, fosse junto ao local do encontro.
A troca de mensagens foi mostrada para o Conselho Tutelar e à Brigada Militar, que foram até a Paróquia São José, onde ele estava, e o detiveram. Depois, o homem foi levado para a Delegacia de Pronto-Atendimento da cidade. Na unidade, a delegada Marlova Michele Guedes confirmou o flagrante contra o psicólogo.
Em nota assinada pelo ministro provincial da Província São Francisco de Assis, frei Inácio Dellazari, a paróquia diz que "os Franciscanos do Rio Grande do Sul estão perplexos com o ocorrido, na manhã deste sábado (18/11), envolvendo um candidato a frade (aspirante) à vida franciscana. A Província Franciscana reforça que está em sintonia com as normas da Igreja e as orientações do Papa Francisco, e jamais admitirá entre seus membros, alguém com esta conduta. A Instituição vai acompanhar a investigação e apoia o fato dele ser colocado à disposição da justiça. A Província pede perdão às famílias envolvidas e à comunidade de Gravataí pelo ocorrido e manifesta total repúdio por casos de pedofilia e tolerância zero para estes tipos de caso, pois vai contra todos os nossos valores de promoção e proteção à família".
O artigo 244-A do Estatuto da Criança e do Adolescente diz que submeter criança ou adolescente à prostituição ou à exploração sexual resulta em reclusão de quatro a dez anos e multa.