O comando da Brigada Militar estuda cancelar de três a cinco questões da prova teórica aplicada neste domingo (17) para ingresso na instituição. A decisão está sendo avaliada pela assessoria jurídica da corporação, após diversos relatos em redes sociais. Em entrevista nesta segunda-feira (18) ao Gaúcha Atualidade, o comandante-geral da BM disse que tanto a corporação quanto membros do governo do Estado foram "surpreendidos" pelas perguntas.
— Fomos surpreendidos pelo conteúdo, que chega a ferir o princípio da impessoalidade, citando autoridades que estão ou estavam até recentemente no cargo — afirmou o coronel Andreis Dal'Lago.
Em uma das questões, de número 44, a pergunta é: "Em julho de 2017, o governo do Estado anunciou a abertura de 6,1 mil vagas para reforçar a segurança pública no RS. (...) Quem era o secretário à frente da Secretaria de Segurança Pública (SSP) quando essa medida para reduzir o déficit de pessoal nos órgãos pertencentes à segurança pública foi instituída"? As cinco opções de resposta oferecidas foram: Airton Michels, Wantuir Jacini, José Paulo Cairoli, José Ivo Sartori e Cezar Schirmer.
Questionado sobre a possibilidade de cancelamento de toda a prova, de 50 questões, o comandante afirmou que o caminho mais provável deve ser apenas o de anulação das questões polêmicas.
—Em sendo possível, parece-me mais lógico a anulação dessas questões que tenham esse viés político-ideológico. Entendemos que isso (as perguntas) é inoportuno e inconveniente — afirma o comandante-geral.
O coronel destacou, ainda, que a responsabilidade pela elaboração e aplicação da prova é da Fundação Universidade Empresa de Tecnologia e Ciências (Fundatec), selecionada através de licitação. Andreis Dal'Lago afirmou que nem a Brigada Militar, nem a Secretaria da Segurança Pública ou governo do Estado tiveram qualquer "ingerência" no exame.
O concurso da Brigada Militar oferece 4,1 mil vagas. Cerca de 36 mil candidatos se inscreveram.
Contraponto
A Fundatec se manifestou sobre a polêmica nesta segunda-feira. Também em entrevista ao Gaúcha Atualidade, o presidente da fundação negou que tenha havido direcionamento político ou orientação da Brigada. Segundo Carlos Henrique da Cunha Castro, as perguntas foram elaboradas por bancas independente com base nas diretrizes do edital.
— Não há orientação política alguma, nem do presidente da fundação nem de quem acompanha as bancas. Nossos clientes são de todos os partidos políticos — afirmou Castro.
Para o presidente da Fundatec, críticas são aceitas e as questões polêmicas devem ser discutidas. Mas defende que as perguntas não sejam anuladas.
— Faz parte do processo seletivo que tu tenha um conhecimento e esteja atualizado dos fatos que ocorrem atualmente — destacou.
Carlos Henrique da Cunha Castro afirmou ainda que a fundação não pretende ter a iniciativa de anular as questões e irá aguardar os eventuais recursos dos candidatos.