Dedicada ao trabalho comunitário havia mais de duas décadas em Alvorada, a dona de casa Mariza Iracema Cassol Jaques, 54 anos, morta durante assalto ao hipermercado BIG neste sábado (9), dividia seu tempo entre a família e a Sociedade Espírita Simão Pedro, na qual era diretora do Departamento de Assistência Social. Havia mais de 20 anos, quatro dias por semana, suas atividades na entidade era entregar ranchos, roupas e fraldas nas casas de famílias necessitadas e atendendo a quem visitava a Sociedade Espírita para receber passes.
Às 8h30min deste sábado (9), Mariza saiu de casa no bairro Bela Vista, para mais uma ação beneficente. Ao lado do presidente da Sociedade Espírita, Laudio Borba, ela participava do Sábado Solidário, apoiando coletas no BIG da cidade, organizada pelo Banco de Alimentos. Na semana que vem, as doações serão divididas entre entidades assistenciais que farão a entrega para famílias carentes em Alvorada.
— A gente esperava ela às 11h para almoçar —contou, desolado, o marido de Mariza, o aposentado Sérgio Jaques, 63 anos.
E foi, por volta das 11h, que uma quadrilha invadiu o hipermercado para assaltar a Relojoaria Topaze. Quatro bandidos entraram no estabelecimento e o outro ficou no estacionamento. Um segurança saiu por uma das portas, perto de onde estavam Laudio e Mariza, quando um dos criminosos atirou de dentro de um carro, provocando correria e desespero no local.
— O motorista da quadrilha atirou na direção do segurança. Nós estávamos em uma das portas, panfletando, e ficamos na linha de tiro. A Mariza levou um tiro no peito e morreu na hora, ao meu lado — lamentou Laudio Borba, presidente da Sociedade Espírita.
Laudio lembrou que Mariza era uma pessoa muito empenhada em ajudar ao próximo e uma vitoriosa na vida.
— Ela superou um câncer. Fará muita falta.
A morte de Mariza causou comoção na Sociedade Espírita. Parte do grupo de 50 vovós que mora no lar de idosos da entidade ao saber da notícia entrou em desespero e precisou ser amparada pelas atendentes.
Mariza deixa quatro filhos, um deles, de 30 anos, portador de necessidades especiais, com problemas cerebrais e dificuldade de locomoção, a quem a mãe dedicava atenção máxima.
— Era muito apegado a ele — lembrou o marido.
Nos próximos dias, a família se preparava para passar o Natal na praia Costa do Sol, em Cidreira, no Litoral Norte. O corpo de Mariza será velado na Sociedade Espírita Simão Pedro e o o local do sepultamento ainda não está definido.
Entenda o caso:
Na manhã deste sábado, um bando teria chegado ao hipermercado Big, de Alvorada, em um Ônix. Quatro ocupantes desceram e entraram pela porta principal do BIG, próximo à Joalheria e Óptica Topaze. O quinto suspeito ficou no carro e teria reagido ao ver um dos seguranças saindo por outra porta.
Ainda conforme a BM, o criminoso então teria disparado na direção do vigilante e teria acertado Mariza Jaques, que estava na praça de alimentação, bem próximo à porta de saída. Ela morreu no local. O segurança também teria se ferido.
O assaltante, então, teria levado uma funcionária como refém. Os outros quatro conseguiram pegar joias, de valor ainda não calculado, e entraram no carro também.
A refém foi levada até o Parque dos Maias, em Porto Alegre, na divisa com Alvorada. No bairro, ela foi libertada quando o bando trocou de carro. Os criminosos teriam embarcado em um Ka novo branco. A funcionária foi resgatada de dentro do Ônix, onde havia sangue. Os agentes localizaram munição, um pente carregador e semi-joias. O carro estava com placas clonadas, conforme a Polícia Civil.
O delegado de Homicídios de Alvorada, Edimar Machado, disse que a polícia vai analisar imagens das câmeras do hipermercado e da joalheria para tentar identificar os criminosos e apurar as circunstâncias em que a vítima foi morta. A polícia civil trabalha com a hipótese de que os envolvidos no crime possam ser os mesmos do assalto ao Bourbon Assis Brasil no último domingo (3).